Perto das férias, os professores elaboram recuperações, fecham as notas, conversam sobre diversos assuntos nos intervalos e eu, que também sou professora, optei por algo diferente. Isolei-me numa sala de aula vazia enquanto leio um livro em pdf chamado "Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais" de Marshall Rosenberg. Recomendo a você, leitor.
Enquanto tento me concentrar nas linhas apresentadas à minha frente, deparo-me com muitas situações exemplificadas nesse livro de que a linguagem pode perpetuar valores que não consideramos positivos. Além disso, há alguns pequenos "passos" que o autor elenca. A leitura rápida e proveitosa me fez chegar a um poema que preciso compartilhar aqui.
Para deixar um pouco mais esclarecido, leitor, o seguinte texto vai propor um exercício de comparação entre leitura estática e leitura dinâmica. Basta lê-lo para compreender melhor o que quero dizer.
Poema de Ruth Bebermeyer
"I’ve never seen a lazy man"
Nunca vi um homem preguiçoso;
já vi um homem que nunca corria
enquanto eu o observava, e já vi
um homem que às vezes dormia
entre o almoço e o jantar, e ficava
em casa em dia de chuva;
mas ele não era preguiçoso.
Antes que você me chame de louca,
pense: ele era preguiçoso ou
apenas fazia coisas que rotulamos de "preguiçosas”?
Nunca vi uma criança burra;
já vi criança que às vezes fazia
coisas que eu não compreendia,
ou as fazia de um jeito que eu não planejara;
já vi criança que não conhecia
as mesmas coisas que eu;
mas não era uma criança burra.
Antes de chamá-la de burra,
pense: era uma criança burra ou
apenas sabia coisas diferentes das que você sabia?
Procurei quanto pude,
mas nunca vi um cozinheiro.
Já vi alguém que combinava
ingredientes que depois comíamos,
uma pessoa que acendia o fogo
e cuidava do fogão que cozinhava a carne.
Vi todas essas coisas, mas não vi cozinheiro.
Diga-me o que você vê:
você está vendo um cozinheiro ou alguém
fazendo coisas que chamamos de cozinhar?
O que alguns chamam de preguiçoso
outros chamam de cansado ou tranquilo;
O que alguns de nós chamamos de burro
para outros é apenas um saber diferente.
Então, cheguei à conclusão
de que evitaremos toda confusão
se não misturarmos o que podemos ver
com o que é nossa opinião.
E, por isso mesmo, também quero dizer
que sei que esta é apenas minha opinião.
Disponível em: https://www.leonardokurcis.net.br/observar-sem-julgar. Acesso em: 08/07/21.