terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Cotas raciais, racismo... e eu com isso?

Houve uma grande repercussão sobre as cotas raciais serem extintas na UEPG. Como acompanhei o passo a passo online de alguns colegas que organizaram atos contra essa decisão, convidando-me para participar, inclusive, por meio dos eventos que a rede social oferece, gostaria de deixar a minha opinião no espaço que me permito. 
Primeiramente, quero justificar o texto breve. A vontade de escrever se motiva por eu ter acabado de ler um artigo de um conferencista e professor criticando a questão proferida por Fernanda Lima, conforme os sites, em razão de substituir um casal negro na COPA. Ele comenta que o fato de 'ela ser branquinha' e a sua não problematização é justamente o que faz com que o racismo se perpetue. Essas declarações me deram margem para tecer comentários pessoais, não a ele, mas, ao que se refere às cotas.
É um assunto polêmico, porque existem afirmações fortes de ambos os juízos. Ainda assim, mesmo analisando os dois lados, eu considero estar a favor das cotas raciais, e sociais, nas universidades públicas. Há registros de que os/as negros/as ganham menos do que os/as brancos/as, de que há menor quantidade de negros/as cursando o Ensino Superior, sendo que a população brasileira se constitui por 50% da população negra, de que há menor representatividade dos/as negros/as em livros didáticos, propagandas e assim por diante.
Não são coisas da vida, são realidades que somos forçados a aceitar como normais e causais. Afirmar que negros são inferiores aos brancos porque eles foram escravizados, por causa da cor da pele, porque são pobres e não possuem condições de se manter na universidade pública ou privada é uma estratégia para o embranquecimento, que já é tão fortalecido pelas convenções sociais, e comodismo particular.
Acreditar que não temos nada a ver com o assunto de cotas raciais por considerar que a pele seja "branquinha" é aceitar que as desigualdades se mantenham, é desmerecer as lutas das minorias, sejam os negros, as mulheres, os LGBTs etc. Se ao menos todos/as se perguntassem "o que tenho a ver com as cotas raciais" e fizessem uma reflexão válida, vissem os prós e os contras, tentassem se informar, se deixassem ser abalados pelo lado oposto da corda, provavelmente as outras situações que exigem respeito seriam afetadas de igual modo. Eu acredito, sim, que as cotas mudam; e essas lutas são minhas também!
Obs.: Se a Fernanda Lima foi desrespeitosa, não foi meu intento discutir aqui, justamente em razão de pensar em todas as possibilidades que essa fala pode ter adquirido: um recorte muda tudo, ainda mais quando ele atrai o público e gera controvérsias.

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