Sabe o que é pior em estar apaixonado? É esperar que a pessoa lhe conceda o mesmo carinho que você despeja mentalmente nela. É ficar sempre no aguardo de um sinal maior que faça a luz que há dentro de si iluminar os olhos. Ou contar cada minuto para se ver, enquanto se constrói falas e risinhos toscos na imaginação. Talvez seja também sentir o estômago embrulhar quando alguém menciona o nome da pessoa, embora não se refira a ela.
O melhor de estar apaixonado é gostar de dias cinzentos e ensolarados igualmente. Ver graça onde não tem e cair na gargalhada. É amar mais intensamente, ser mais cauteloso com as coisas e com o reflexo que aparece quando estamos diante do espelho. Aquele contorno se suaviza a cada vez que percebemos o quanto somos lembrados; que vale todo o esforço para se sentir bem.
Na medida em que oscilo entre o pior e o melhor, não posso deixar de notar os efeitos em mim, a ansiedade que toma conta do meu peito a cada dia da semana. As músicas que tocam parecem adquirir um tom romântico e tenho vontade de abraçar o mundo, salvá-lo. A paixão me transporta para um corpo que já é meu, mas com comportamentos totalmente opostos, mais altruístas. Eu sei que ela pode se desvanecer a qualquer instante, pois já perdi o jeito de conservá-la e me sinto inábil para segurá-la. Essa paixão pode ser a minha maior fraqueza; ou fortaleza. Uma das maneiras de conhecer sua real eficácia é libertar-me de antigas prisões e deixá-la tomar conta de mim.
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