Eu não sou obrigada a fazer tudo o que as pessoas me pedem, embora devo admitir que elas exercem certa influência na minha escolha. Também não me autorizo a dar satisfações àquelas que só querem usufruir do espaço que foi cedido a mim por sorte do destino. Mesmo assim, fico me remoendo com essas ideias por dias, que, de tanto que penso, tornam-se longos. Questiono-me constantemente a respeito da finalidade de tamanha preocupação, pois essas pessoas não se fazem merecedoras, por intermédio de seus atos, ao ponto de os meus pensamentos se demorarem nelas.
Ao passo que tento esquecer, minha fragilidade impera, o meu lado emocional de alguma forma se manifesta e todos os meus sentidos são movidos por pieguices, uma confusão de sentimentos exacerbada. Começo a sentir necessidade do equilíbrio e da razão e não encontro a saída: exceto imaginar as expressões faciais dessas pessoas frente à recusa de determinada explicação ou convite.
O resultado é sempre agir conforme o tempo. Seja ele referente ao clima, seja ao momento pelo qual passo, especificado em horas, minutos, segundos... Meus planos nunca se concretizam fielmente como eu os elaborei e, por essa razão, evito me prender a eles. Disponho meus extremos e ando entre o sim e o não para prosseguir, ainda que devagar. Talvez tenha sido um erro deixar os preparativos para depois, talvez fosse um erro que eles ficassem prontos antes, mas a decisão de agora é impedir que alguma alteração aconteça.
Essas desculpas de dizer que as cordialidades fugiram-me devido à pressa do dia a dia ou que só pude realizá-las em cima da hora me soam como hipocrisia. Poder-me-ia descrever como orgulhosa, mas não desleal às minhas características. Só porque não nutro meus passos com esclarecimentos e caminhe a maior parte da trajetória em silêncio ou a recitar textos desprovidos de conotação, não significa que eu me torne insensível às perturbações emocionais alheias. Mas a compreensão é barrada e um muro é construído em torno de mim sem que eu perceba, sem que eu possa, ao menos, me defender. Mesmo não sendo obrigada, eu agradeço: posso deitar tranquila.