domingo, 16 de março de 2014

Formatura

A pouco menos de vinte dias para a minha formatura, que já foi tão esperada, sinto-me imersa em inquietações. São pensamentos inesgotáveis que me atormentam o tempo todo. Se fossem somente voltados para preocupações ditas banais e supérfluas como maquiagem, penteado ou vestido, certamente eu estaria menos estressada. Permito-me focar nos gastos como parcelas, rifas, convites... Meu horizonte surge pesado, e tudo o que vislumbro tem a ver com dinheiro.
Sempre fui um tanto exageradamente econômica. Desde que consegui ter meu próprio salário, eu nutro a ânsia de mantê-lo intacto. Evito gastar com guloseimas ou roupas em demasia. Calçados ou bolsas? Nem pensar. Tal postura é resultado de um estudo meticuloso dentro de mim, que aponta para a efemeridade dessas compras. Em suma, vejo-me tirando as notas da carteira em casos como: pagar o vale transporte, a parcela do dentista e materiais para o curso, como fotocópias e livros. 
São dispêndios que me propus a enfrentar; mínimos, mas são meus gastos e de minha inteira responsabilidade. Jamais me senti autônoma, porque ainda vivo às custas de meus pais e confesso não ter muita vontade para sair de perto deles, ao seu lado sou feliz.
No entanto, essa felicidade vem sendo abalada com a ideia de formatura. Não necessariamente com a ideia em si, mas com o que há por trás dela, ou seja, com os penduricalhos que não estavam à mostra quando resolvi tê-la. Atualmente possuo outra ocupação, tenho minha renda no final do mês, contudo estou inábil para abraçar tantas surpresas financeiras. O que, em princípio, parecia ser um sonho, um momento de contentamento, agora se apresenta como uma tortura. É difícil admitir a mim mesma que me arrependo.
De qualquer maneira, a desistência próxima ao evento me soa como fragilidade, e é justamente a característica que eu recuso obter. Enquanto não me salvo desse massacre sutil, encorajo o meu lado infantil para ser o preponderante. Divago algumas horas para encontrar a música perfeita, que tem por finalidade tocar no momento em que me apresento aos convidados do dia do baile: é uma atividade simples, embora poderosa para me fazer desapegar daqueles raciocínios pungentes. Talvez assim eu entre no ritmo de uma vez.

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