Mês de Abril quase fechando o seu ciclo e nenhum post foi escrito, sequer planejado. Sinto-me irresponsável com o espaço que criei, pois foi nele que encontrei tantas vezes a minha libertação e agora as horas do dia me são insuficientes para agradecê-lo. Tantas coisas aconteceram nesse mês que eu nem tive o intervalo para me reservar e escrever. Minto. Eu tive tempo, mas não me dei conta de que havia um teclado pronto para traduzir meus pensamentos.
Uma das primeiras coisas que mais me chamam a atenção e provavelmente possa interessar ao leitor é: a minha formatura. Foram dois dias incríveis, de ansiedade infinita e unhas roídas. No primeiro dia, o da colação de grau, levantei-me cedo para fazer o ensaio e lembro-me de ter que pegar o ônibus de oito horas da manhã. Jamais vou apagar da lembrança que eu perdi esse ônibus e andei mais seis quadras para embarcar em um de outra vila. A cena ficou marcada ainda mais quando eu despejei, por desatenção, no suporte que fica em frente ao cobrador, uma quantia menor do valor do transporte e mesmo assim fui autorizada a passar.
Chegando ao local do ensaio, quinze a vinte minutos atrasada, notei que nem a metade dos formandos estava presente e que, de fato, eu possuo alguma pitada de sorte como acompanhante. Pouco a pouco, eles foram chegando até que todos estavam reunidos. As regras começaram a ser ditas e, em seguida, aplicadas. O desespero envolvia sutilmente todo o meu corpo pela ideia de que não nasci pronta e de que eu precisaria de muitas repetições para tarefas cerimoniais.
Encerrou-se o ensaio e os formandos se dispuseram em uma fila para recolher a sua beca. O dia meio nublado agourava uma pequena desgraça com aquela vestimenta tão especial, ao menos foi o que pude apreender no conjunto do cenário. Novamente, a sorte me sorria ao lado e uma amiga se ofereceu para me dar carona, o que, evidentemente, fez-me dispensar a sapiência acerca da localização do ponto de ônibus.
Cheguei a casa bem antes do que eu havia calculado e a tarde se passou tranquila. Foi somente à noite que comecei a me preocupar com a maquiagem e com a beca. Meu irmão me levou de carro e as coisas aconteceram sem nenhum deslize notável. Meus amigos puderam me cumprimentar antes de eu entrar no "palco", meus pais compareceram, soube que um deles até chorou de emoção, meus tios, madrinha e inclusive... Foi, sem sombra de dúvida, um evento extremamente especial, mas eu estava mesmo me reservando para o dia seguinte: o baile.
Assim, no segundo dia, com o vestido em mãos e penduricalhos bem chamativos, minha cunhada se ofereceu para me maquiar, visto que ela sabe manusear os pincéis, enquanto que eu só sei borrar minhas pálpebras. Com o rosto impecável, deixei a casa da minha maquiadora profissional feito uma boneca e vesti-me às pressas para sair em, no máximo, trinta minutos. Já a caminho do clube onde aconteceria o baile, eu concluí que não estava tão ansiosa, tampouco nervosa, pois sabia que se tratava de um dia mais despreocupado, com menos formalidades.
Assim o foi. Na medida em que meus convidados apareciam, enchiam-me de elogios. Eu sei que faz parte da etiqueta cobrir de qualidades aquele a quem a festa é direcionada, mas realmente eu me sentia bem. Durante a festa, encontrei outras pessoas que vinham me abraçar e dar os parabéns. A cada gesto semelhante, eu me dava conta de que era o meu momento; ademais, ainda que eu leve em conta os pagamentos, impasses, dores de cabeça, a formatura me causou um efeito deslumbrante.
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