Agora há pouco assisti ao filme Frankenstein (1994), adaptação cinematográfica do livro homônimo de Mary Shelley. Por causa disso, estou sensivelmente abalada. Não pelas imagens de sangue, violência que nele contém, mas a essência do filme: quem vê cara, não vê coração.
Conheci a(s) obra(s) por meio da matéria optativa que faço, a qual possui enfoque em representações e autoras femininas da literatura. Essa matéria chama-se Literatura e Mulher. Um nome auto-explicativo, mas que não se limita apenas a esses enfoques, ao contrário, são paralelamente estudadas com obras de cunho masculino. Entretanto, a abordagem tem como objeto de estudo a mulher, unicamente. Essa matéria é dividida em cinco módulos nos quais se alternam literatura greco-romana, espanhola, inglesa, hispano-americana e, novamente, a inglesa. Assim, a oportunidade de conhecer Mary Wollstonecraft e sua filha Mary Shelley se deve à literatura inglesa, módulo III.
Nesse módulo discutiram-se as obras de Wollstonecraft e sua biografia. A ministrante tinha por intento apresentar-nos mais apuradamente a obra de Mary Shelley, Frankenstein, porém não foi possível, cabendo apenas a sugestão de leitura. Empolgada com a primeira autora, quis conhecer melhor a segunda, já que é a sucessora, herdando, portanto, os dotes de escritora. Alojei-me no quarto e busquei o livro e o filme. Confesso que tentei ler o livro, no entanto, acostumada com a rapidez e praticidade de um filme, desisti e parti para a segunda opção. Três meses que o tenho no computador e só hoje me dei conta de que era possível. Gravei num dvd, sentei-me comodamente no sofá e, sozinha, assisti.
O filme começa calmo e tranquilo. Minha expectativa ao assistir Frankenstein era a de ver uma criatura horrível, destruindo casas, pessoas e tudo que viesse a frente. Não estive totalmente errada, pois se trata de um monstro, mas o que chama a atenção é o modo como as pessoas o recebem, sem ao menos darem-no uma chance para expressar-se. Aliás, o monstro não possui nome. Até então, ele tem bom coração: ajuda a uma família, que quando o vê, age de modo hostil. Para qual finalidade ser bom se enquanto feio para os "homens" é inválido? Julgam-no apenas pela aparência e ele sabe disso. Ao descobrir o seu criador, Dr. Victor Frankenstein, o monstro decide matá-lo por atribuir-lhe essa rejeição que os outros tem por ele. Apenas para aguçar a curiosidade: o fim é sensacional!
Será que agimos assim também? Embora seja uma ficção, questionei-me enquanto assistia, repensando os ditos "monstros" da minha vida. Aqueles dos quais fugi por julgar pela aparência. Às vezes um pré-conceito pode criar um monstro, mesmo que ele não esteja propenso para tal. Depois de criarmos, queremos destruí-lo, acrescentando-lhe as palavras mais depreciativas, modelando-o para ser perpetuamente maltratado. Todavia, caso ele se torne agressivo, dissimulamos e justificamos por ser um "coitado". Por fim, se ele matar a alguém, é um assassino. Contudo, ninguém pergunta o porquê. Afinal, quem é o monstro da história?
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