quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Orgulho

Se os dias não ziguezagueassem tanto e não alternassem entre o alto e o baixo, a agitação e a calmaria, o calor e o frio, não haveria justificativas para se ter paciência em escrever um texto. Se eles não começassem extremamente cedo e não terminassem tão tarde, essas palavras seriam guardadas para outra ocasião. Além disso, se as pessoas das mais variadas características e idiossincrasias não povoassem os lugares que frequento, nada disso teria razão de ser comentado. A linha tênue entre a vitória e a perda, o sorriso e a lágrima, a educação e a grosseria.
Terça-feira: com um atraso de cinco minutos, logo pela manhã meu celular já possuía três chamadas perdidas de contatos distintos. Não é a fama, é a responsabilidade chamando por mim. Sento-me na cadeira reservada para a minha ocupação temporária e é hora de trabalhar. Remunerado ou não, eu estaria agindo amigavelmente, sem que se pudessem existir reclamações. Ao preencher setecentos e setenta e seis papéis, com olhos fixos e atentos, com algarismos miúdos no canto direito superior, o tempo corria. Em poucos instantes, um grupo de seis pessoas necessitaria da minha atenção. Recepcionei-o da maneira que gostaria de ser atendida. Logo depois, outra aglomeração se aproximava e após isso, a enumeração daqueles papéis seria interrompida constantemente.
Contudo, eu estaria satisfeita em servir e foi assim que permaneci por dois períodos naquela mesa. Lembrei-me do quanto os meus colegas lutaram e do quanto eles desempenharam o seu cargo levando qualquer detalhe a sério. Elogios e críticas eram considerados em seus discursos. Víamos o lado bom em tudo, além da confiança em estarmos fazendo a nossa parte e auxiliando no processo de mudança. A diversão mostrava a sua cara até mesmo em momentos de possíveis conflitos e eu me sentia orgulhosa de ter aceitado a proposta de me incluir nessa manifestação. Sabia que o benefício atingia a ambos. A válvula que nos impulsionava éramos nós mesmos.
A noite caía, a chuva também, e o meu ânimo nem havia oscilado. Eram vinte horas e os meus olhos estavam sedentos de pessoas naquele hall. A participação de todos/as alimentava a sensação de sermos vitoriosos. Até que, às vinte e uma horas, a reunião dos concorrentes foi feita. A apuração só se deu a partir da meia-noite devido às cláusulas a serem lidas, explicitando as possíveis falhas e suas respectivas penalidades. A curiosidade de saber da votação de cada urna com os meus próprios sentidos apontava violentamente em mim, mas àquela altura, eu já estava estendida sobre a minha cama trocando mensagem com um aliado meu. O clima era mesmo de campo de guerra.
Com a informação de que o início se daria mais tarde do que o esperado, aquele corpus textual adquiriu a função de conselheiro, o qual me induziria a descansar. Aceitei largar das mãos da curiosidade e me jogar aos braços do sono, pois ele já estava me provocando há um tempo. O meu quarto ia escurecendo lentamente com o fechar dos meus olhos e a mente repetia "A primeira coisa a se fazer amanhã é checar o resultado". Oito horas depois, acolhida na sala em que faço os meus planejamentos acadêmicos, recorri ao computador. Com os dedos apressados e ágeis em razão da curiosidade que os movia, a Internet não respondia os meus comandos devidamente até que... "Vencemos!" O contentamento exibiu-se por meio de olhos brilhantes e dentes à mostra. A galera aprovou e escolheu a nossa movimentação. Fechei a página e senti o orgulho dobrar-se: de mim e de todos/as que acreditaram em nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário