segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cômodo: sente-se

Na discussão entre professores, a minha indignação se eleva quando o argumento de "coitadinho" é proferido. O professor (no seu termo de gênero gramatical neutro) não é o profissional que precisa da pena dos outros profissionais. Aliás, em minha humilde opinião, nenhum profissional merece misericórdia, afinal, a partir do momento em que se considera o exercício "profissional", logo não se trata de um amador. Um profissional, portanto, não é amador e isso pressupõe que ele tenha certa formação para exercer o seu cargo, independente do risco de vida que ele possa correr.
Categórica? Um pouco, talvez. Meu objetivo não é traçar quais os estratagemas que determinado profissional se efetiva como tal, mas considerar que é de extrema importância que se considere a sua jornada até a sua práxis. Evidentemente que ninguém nasce sabendo e é por isso que precisamos da oportunidade de capacitação, seja quem formos: médicos, dentistas, professores, coletores de lixo, escritores, donos-de-casa (e engraçado que aqui o termo de gênero gramatical é habitualmente usado para o não-neutro, isto é, o feminino) etc.
Se ficarmos papagueando que os professores não têm salário bom, que as condições de trabalho são precárias, a estrutura da escola é degradante, que não há incentivo para conosco, estamos, de certa forma, admitindo que não somos capazes. Precisamos refletir acerca da educação de nossos pais, avós, que certamente não possuíam a tecnologia como conhecemos hoje e sabem discutir sobre determinado assunto de uma maneira surpreendente. É óbvio que eles não conseguem se desdobrar com tamanha facilidade na esfera digital, mas é certo que a educação já acontecia na época deles.
O que quero destacar é a falta de preparo, até mesmo argumentativo, de certos profissionais (em geral), os quais se utilizam de estigmas/estereótipos/clichês/chavões por mera comodidade. É tão mais simples reafirmar aquilo que o senso comum insiste em propagar e se acolher, esconder, omitir. Com enfoque nos professores na era da tecnologia, é inadmissível dizer que os alunos não sabem falar, escrever enquanto estamos no auge do século XXI que proporciona a eles o desenvolvimento dessas habilidades. Quem não lê, seja um texto verbal ou visual (como imagens, vídeos, símbolos) e não interpreta esses textos, não se comunica e não se insere na esfera além do real, não atinge o outro lado da tela do monitor. 
Assim, o professor como mediador desse conhecimento precisa se interessar em conhecer esse outro mundo, ainda que o processo de ensino-aprendizagem não dependa apenas desse conhecimento. Além disso, é de se considerar que os brasileiros se alastraram nas redes sociais: "de 2005 para 2008, o índice de jovens que acessam a web cresceu de 66% para 86%, sendo o maior crescimento observado no acesso às redes sociais" (DOSSIÊ UNIVERSO JOVEM 4, 2008) e, por isso, a atualização a respeito da tecnologia é necessária em qualquer profissão. No entanto, acima de tudo, a curiosidade e a ousadia se movem apenas pela intenção do indivíduo. Não basta saber o que é a tecnologia, é preciso filtrar o que ela tem de melhor e saber utilizá-la. Porque percalços existem em qualquer profissão.

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