sexta-feira, 14 de junho de 2013

Desfoque

Eu preferiria descrever a sensação que tive em receber meu primeiro pedido via internet ou, também, o meu desempenho na apresentação do meu projeto de extensão em um evento da Universidade. Gostaria de falar do meu nervosismo e noite mal dormida. Contudo, opto por comentar a respeito da manifestação em São Paulo contra o aumento da passagem. Mais especificamente, quero traçar algumas reflexões que tive enquanto lia as notícias acerca de "politicagem".
No nosso país que se diz democrático, ou seja, um país em que o poder é exercido pelo povo, eu não consigo enxergar vantagem alguma quando nos referimos à administração dos políticos. A ideia que nasce ao falarmos de votos, que todos temos direito a isso e àquilo, é a de que não passa de mais uma maneira de enganação. Tudo porque o voto nada mais é do que um "ponto" para determinado candidato graças ao seu discurso persuasivo.
Quem de nós do povo garante uma vaga a partir do discurso elaborado, pela simpatia, boa aparência sem precisar passar por alguns testes? Esse processo de seleção não acontece simplesmente porque temos qualidades estampadas na cara. Ademais, só conseguimos uma vaga para sobreviver, com um salário bem menor do que o dos políticos, após a avaliação de alguém que supostamente possui mais experiência, seja ela de caráter etário ou profissional.
Nessa perspectiva, surge uma questão: "por que será que é o povo que elege os políticos?". Como ainda não tenho a resposta dessa, surge-me outra: "por que não há investimento na educação?". Refiro-me ao investimento financeiro que visa às melhorias de material escolar de boa qualidade, infraestrutura, bem como material, curso preparatório para os professores. No entanto, é de lembrar que muitos políticos não têm essa preocupação em "formarem-se políticos". Eu, por exemplo, nunca vi um curso de graduação com disciplinas voltadas para a formação profissional de um político. Nem mesmo um especializado em política; mestre, doutor, pós-doutor.
Quem me garante que alguém formado em Direito saberá administrar uma cidade? Embora eu acredite que existam discussões de cunho político, o foco não é esse*. Acho injusto pessoas terem o título de político sem terem formação política, sem terem passado pelo processo de discussão voltada para este fim. Cadê os quatro/cinco/oito/dez anos que tantos de nós passamos estudando para conseguir um título que parece nos dar mais chances de emprego?
Para finalizar, não podemos nos esquecer de que enquanto uns pregam que "pior que tá não fica" e conseguem mais de 1,3 milhão de votos para deputado federal pela simpatia e popularidade, e ainda precisam provar o nível de alfabetização, outros protestam nas ruas pelo aumento de R$0,20 no transporte público, sofrendo com balas de borracha por gritarem "sem violência". "Que país democrático é esse que só valoriza o povo quando é a elite que se afirma como potência de poder, promovendo-se com os seus discursos elaborados e atos violentos?".
Se nós não obtermos respostas, ou se nem nos surgirem perguntas, limitar-nos-emos em assistir às manifestações, comodamente sentados em frente à televisão, repetindo tudo o que os jornais recortam e reinterpretam. Isso não ajuda a mudar. No mínimo, o que acontece depois é a eleição de mais um incompetente para construir rodovias, prédios, farmácias sem o pingo de comprometimento com as necessidades financeiras imediatas das minorias (maiorias) que se locomovem de um lugar para outro utilizando o ônibus.

* Trata-se apenas de um exemplo; não tenho a pretensão de generalizar os políticos formados em Direito.

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