Hoje no final da aula houve uma discussão, entre a professora e os alunos, acerca das crianças pobres, carentes, que residem nas ruas e que são desprezadas pela maioria das pessoas. Essa discussão me fez refletir o meu modo de agir ao passar por essas crianças. Fez-me refletir também a educação que elas (não) recebem, a escassez de oportunidades, o desprezo que elas têm todos os dias.
Não é difícil de se encontrar exemplos notórios nas ruas. Mas o que fazemos em relação a isso? Sentimos pena? Segundo minha professora a questão tem um plano implícito muito mais complicado, um plano que não se vê ou não se quer ver. Por exemplo, muitas pessoas passam próximas a uma criança moradora de rua, descuidada na aparência, e viram o rosto para o lado contrário, desconsiderando a presença de um ser humano. Há ainda quem passe e "jogue uns trocados" pensando que assim fizeram uma boa ação. Será que isso basta àquela criança? Imagine-se no lugar dela, você se sentiria humano ao receber uns "trocados" de uma pessoa que nem sequer vira o rosto para você? Você se sentiria bem sendo tratado como uma "coisa"? Para ela o dinheiro é indiferente e por mais que não o saiba exprimir, ela carece de um olhar, de um sorriso. Assim, a falta deles, é contribuir para que os sonhos infantis se desfaçam, pois uma criança sem atenção, sem sorrisos, sem a ilusão, não é criança em sua totalidade.
Experimente um dia sorrir a uma criança, se for tímida, ela ficará receosa. Então repita e perceba que aos poucos ela atenderá a seu gesto de carinho e, desse modo, o devolverá. Esse sorriso, mesmo que inconscientemente, fará a diferença na vida dela. No entanto, se você não o receber, tenha como justificativa o fato de ela ser muito tímida ou, ainda, não ser acostumada a tamanha atenção. Lembre-se dos dias que não prestaram atenção nas suas palavras, que não chamaram seu nome ou, o pior, não olharam em seus olhos, e, então reflita na realidade em que essas crianças, moradoras de rua, se encontram. Elas sofrem a falta de atenção, a falta de identidade e a falta de existência durante todos os dias e as recebem de muitas pessoas.
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