segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Realce

Deixando-me levar por esses depoimentos que agradecem o ano que passou, eu começo o meu último dia do ano a relembrar as principais emoções que vivi. Janeiro: é o mês que dá continuidade às tão esperadas férias da Universidade, um verdadeiro descanso para quem se desgastou em provas, trabalhos. Em suma, nada além de ficar em casa e fazer os corriqueiros downloads de músicas, filmes, e foi justamente nesta época em que o FBI fechou o maior site de armazenagem de arquivos: Megaupload. Um desastre imensurável! Mas passou e, com o correr dos dias, encontrei outros sites com uma qualificação próxima.
Ainda abalada pela notícia e pelas tentativas vãs de baixar algum arquivo daquele endereço indisponível, no início de Fevereiro, fui à praia. Os pés na areia, os cabelos rebeldes pelas lufadas do vento ao som das ondas do mar. Uma experiência quase indescritível, pois, ao mesmo tempo em que relaxa, empolga. Os três dias de estada na casa de madeira subtraíram as preocupações que invadem a mente de pessoas ocupadas com estudo, trabalho e afazeres domésticos. Um tratamento psicológico que pode custar caro, mas tão ou mais eficaz que agendar consultas.
Com os nervos acalmados, senti-me pronta para iniciar as aulas. Sabia que a maratona me aguardava repleta de novidades, desde estágios até diversas leituras; e Março era o mês que apresentaria a maioria dessas surpresas. Uma delas, inclusive, apontava para uma viagem a Florianópolis com a finalidade de expor meu trabalho do projeto de extensão. A adrenalina tomou conta de mim aos poucos e eu só me dei conta muito tempo depois. Neste mesmo mês, o Centro Acadêmico de Letras fez sua aparição oficial na Uepg e eu gravei um vídeo em homenagem a todos/as os/as estudantes do curso.
Academicamente falando, no mês de Abril, as surpresas não paravam: compareci à escola onde as observações seriam feitas e conheci a turma da regência. Quanto às minhas preferências musicais, eu passava por uma transição radical: de Madonna a AC/DC. Se eu me considerava uma ouvinte obsessiva e assídua em relação à cantora, à banda eu duplicara. Com outro site de downloads na barra de favoritos, baixei os álbuns Highway to Hell e Back in Black  na medida em que lia a biografia dos componentes da banda. A paixão por Bon Scott não foi instantânea, ainda que eu já o preferisse em comparação com Brian Johnson. Reconheço o talento dos dois, mas a performance do cantor escocês acabou chamando mais a minha atenção: suas caras e bocas e sua camiseta de Superman.
Foi nesse clima de mudança de gênero musical que viajei a Florianópolis na companhia de uma colega da sala, em Maio. Sob a luz do luar, ao lado de duas colegas e da minha orientadora, recebi uma mensagem de texto via celular do rapaz que eu nutria certo encanto. Meu coração pulsava descontroladamente e não pude disfarçar a emoção a tal ponto que compartilhei a notícia com as demais. Eu já o conhecia há algum tempo e a oportunidade de conversarmos era quase nula, senão pelo celular. O estado de Santa Catarina nunca mais soou igualmente depois desse ocorrido e o sentimento que nascia durante as horas que trocamos as mensagens me perseguiria depois. Afinal, por trás das letras das canções Jailbreak, Dirty Deeds Done Dirt Cheap ou Touch too Much estaria a expressão daquele rapaz e eu as associaria a ele num ato involuntário para alimentar os meus devaneios.
Em Junho o celular cessaria os alertas das mensagens que eu tanto adorava ver e só me conformei por já ter encontrado o rapaz pessoalmente. Entretanto, eu deixava de carregar um peso nas costas, pois as regências obrigatórias haviam sido cumpridas. Cinco noites preparando os materiais para as aulas que contavam com a participação dos/as alunos/as. Se eu pudesse me basear somente nesse primeiro semestre, como professora, a minha carreira profissional visava ao que se chama de bem-sucedida, não pelos elogios ou pela atmosfera contagiante da sala, mas pelo resultado que obtive na autoavaliação.
Como os deveres aparentemente estavam mais leves, Julho foi o mês dos eventos. Num deles, duas amigas e eu combinamos de dormir juntas após o show com o objetivo de dar risada, falar besteira à vontade, pois os donos da casa se ausentariam. Pés cansados e maquiagens borradas tornaram-se registros. Sobre a cama havia um pacote de bolachas wafer e na mão de cada uma das três que estavam sentadas, um copo de achocolatado. Enquanto devorávamos as guloseimas, passamos o resto da madrugada a contar as anedotas de cada uma, sob diferentes pontos de vista e vimos o sol nascer. Era hora de dormir.
A culpa só não adquiria uma postura negativa para mim porque eu estava frequentando a academia. Eu sabia que naquela noite o chocolate aumentaria a chance de engordar alguns quilogramas e acentuaria o meu sedentarismo, porém, impus a mim mesma que meia hora de esteira atenuava o suposto delito contra a saúde. Em Agosto, esse jogo de perder caloria foi posto em prática e, além de demarcar algumas curvas, eu ampliei meu círculo de amizades. Conheci pessoas extraordinárias, portadoras de um senso de humor inabalável e de conteúdo digno de ser imitado.
Essas amizades continuaram com a mesma intensidade durante os meses de Setembro e Outubro. A interrupção das conversas se deu porque eu fui à praia novamente e parei de ir à academia. Contudo, foi nesse período de tempo que me inseri num Movimento Estudantil. O Diretório Central dos Estudantes da Uepg estava em época de eleição e a chapa 2 - Movimentando Esse Trem - me convidou para ser colaboradora. Presenciei reuniões em que os debates emanavam a palavra luta sem ela ser proferida e acabei sendo influenciada. Vi-me diante de gente considerada importante naquele espaço e confiei na capacidade do grupo que eu apoiava. A votação feita em Novembro teve como apuração a vitória da chapa 2 e meu orgulho pela militância de todos/as era imenso.
Em comemoração, o Movimentando Esse Trem organizou "A Outra Festa!" em Dezembro, a segunda festa desse grupo no DCE, e colaborei com a programação ao convidar uma banda de pop rock da qual um amigo faz parte. Passada a festa, foi a vez do meu aniversário, uma data que possui o caráter desastroso por carregar a temerosa farda da responsabilidade. Tirei algumas fotos para protagonizar casos capciosos, gerando alguns comentários... Comemorei o Natal transformando o cenário do meu quarto, comprei umas revistas com partituras para desenferrujar meus dedos no teclado que há anos não toco... Assim fecho o ano letivo e o ano comercial. Não espero nada de mais de 2013 desde que ele me estimule a escrever e realçar seus pontos positivos assim como eu explorei de 2012.

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