Eu sempre tive o hábito de me autoflagelar, de buscar recordações de um passado amargo e trazer nítidas imagens daquilo que eu joguei fora. É um costume: todas as manhãs me pego lembrando as frases que me entristeceram, de pessoas que me decepcionaram e de músicas que me fizeram chorar. Gosto de ser assim, pois parece que só desse modo dou o valor necessário à minha atual condição, uma situação diferente. Nem tudo que se tornou lixo partiu primeiro da minha vontade. A gente cai no desapego assim que o mal vira uma doença, prejudica o equilíbrio e ofusca a sensatez. Saltei para longe, e continuei agarrada sentimentalmente.
É incrível como uma música pode nos remeter a três anos. A mente se perturba ao constatar que hoje há limitações e a verdade deve ser velada, pois a assassinaram. Seria óbvio dizer que essa partícula que atende pela denominação de verdade não vai obstar meus planejamentos, nem interromper os acasos que os dias me oferecem. Essa morte, que é mínima diante de tanta coisa que está por vir, só me estimula a repensar as respostas a serem dadas aos convites que me são feitos. As consequências podem ser bem semelhantes às outras, e não tenho a finalidade de fazer uma coleção delas. A música encerra, e no ar se imprimem os risinhos tolos de uma adolescência apaixonada zombando da maturidade exposta. Deveria ser o contrário, mas é o poder da canção em diferentes tempos.
Have you ever seen the rain? Passageira e efêmera: a vida, a chuva. Que alguém já tenha visto a vida, não como um aglomerado de tarefas a serem realizadas, nem como a chance de atuar e ganhar prestígio por pessoas de todas as partes. Tampouco como o simples ato de respirar. Que alguém já tenha visto a vida como ela é: um fenômeno breve capaz de deixar marcas naqueles que ela desperta a busca de algum sentido. O sentido de não fazer sentido. A música instrumental, a chuva de granizo, a vida. O violão desafinado, as inundações, o lixo. O som que ensurdece, o raio, o trovão, a vela que se apaga. A preocupação de cair no ócio, a preguiça de se ocupar, a verdade que mente. As marcas que correm nas nossas lembranças, sejam elas doces ou amargas, provam que um dia se viveu. Se ainda se vive, ainda é tempo de substituí-las, mudá-las de contexto, trocar a música.
É incrível como uma música pode nos remeter a três anos. A mente se perturba ao constatar que hoje há limitações e a verdade deve ser velada, pois a assassinaram. Seria óbvio dizer que essa partícula que atende pela denominação de verdade não vai obstar meus planejamentos, nem interromper os acasos que os dias me oferecem. Essa morte, que é mínima diante de tanta coisa que está por vir, só me estimula a repensar as respostas a serem dadas aos convites que me são feitos. As consequências podem ser bem semelhantes às outras, e não tenho a finalidade de fazer uma coleção delas. A música encerra, e no ar se imprimem os risinhos tolos de uma adolescência apaixonada zombando da maturidade exposta. Deveria ser o contrário, mas é o poder da canção em diferentes tempos.
Have you ever seen the rain? Passageira e efêmera: a vida, a chuva. Que alguém já tenha visto a vida, não como um aglomerado de tarefas a serem realizadas, nem como a chance de atuar e ganhar prestígio por pessoas de todas as partes. Tampouco como o simples ato de respirar. Que alguém já tenha visto a vida como ela é: um fenômeno breve capaz de deixar marcas naqueles que ela desperta a busca de algum sentido. O sentido de não fazer sentido. A música instrumental, a chuva de granizo, a vida. O violão desafinado, as inundações, o lixo. O som que ensurdece, o raio, o trovão, a vela que se apaga. A preocupação de cair no ócio, a preguiça de se ocupar, a verdade que mente. As marcas que correm nas nossas lembranças, sejam elas doces ou amargas, provam que um dia se viveu. Se ainda se vive, ainda é tempo de substituí-las, mudá-las de contexto, trocar a música.
Nenhum comentário:
Postar um comentário