sexta-feira, 8 de março de 2013

O texto como autoafirmação

Para quem me disse que eu não sabia escrever ou que minhas ideias não se esclareciam no texto, o meu "muito obrigada". Com essas críticas, as quais eu interpretei como construtivas, veio-me a resolução de gerar um blog. Em princípio, ele abraçaria as minhas palavras de um modo quase acrítico, pois minha primeira justificativa de criá-lo resultava da falta de comunicação ou inibição acerca de assuntos que nele eu teria total liberdade em desenvolver. No decorrer do tempo percebi que os temas não eram motivo para serem extremamente ocultados e passei o endereço do blog a algumas pessoas.
O grupo foi crescendo e os critérios diminuindo, pois havia um sentimento em mim de querer ser lida e, independente da reação dos leitores, eu continuava a escrever. Os comentários surgiam pouco a pouco e o meu autoconhecimento estava nas mãos de quem se "catartizava", o pacto de autor e leitor. As críticas iam de como eu estruturava o texto, da escolha do léxico: "uma linguagem detalhista, meio formal e calculista"; até à maneira como eu relatava as experiências, o efeito de "uma emoção simplista nascida da banalidade e sentida por vários segundos".
Além disso, pude notar que a proximidade do leitor com o autor é signiticativa para ambos. Enquanto um lê e absorve as diversas ferramentas expressivas, tal como o enredo e disposição das palavras, e se sente livre para comentar anonimamente, o outro recebe essa energia, ainda que distante, e se dá conta que a sua rotina pode se assemelhar a do leitor, embora este a viva com outra perspectiva. Essa troca de pontos de vista completa um ao outro, enriquece; damo-nos conta de que o amadurecimento social e individual estão interligados e que crescemos juntos com nossas experiências. Enfim, utilizando-me das palavras de um leitor: "estas coisas não são raras de acontecer", fazem parte da nossa evolução como pessoas por meio dos inúmeros textos produzidos em cada instituição social que nos inserimos.
Graças a essa iniciativa de expor em rede as perturbações e alegrias, minha vida profissional pode ter um salto, pois o blog chegou a um leitor que me proporia a ministrar aulas de redação. Embora eu acredite na minha infinita busca do saber, eu aceitei o convite como reconhecimento do meu esforço. Esse blog não mais é um diário pessoal eletrônico, nem mesmo um espaçozinho de críticas inúteis ou desabafos de uma jovem frustrada. Ele se tornou um pedaço de mim, onde eu sou quem eu quero ser. Por isso, eu afirmo com convicção que sua primeira finalidade foi superada e ultrapassada e que meus alunxs terão o estímulo que eu mesma me impus: de escrever para nascer, afinal eu existo aqui porque eu me reproduzo pela linguagem escrita.

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