segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Confissão

E quando eu coloco o cd com vários arquivos, inclusive aquelas fotos que você tirou comigo, sinto saudades. Não é saudade do jeito que sufoca, é daquela que arranca sorrisos e transporta até o dia do registro. Tento me lembrar do que falei antes e depois da foto ter sido tirada, a câmera em tuas mãos e teu semblante feliz pelas minhas caras e bocas. Não é que eu queira recordar, mas parece impossível me desfazer dessas lembranças.
Tentei jogar esse cd e apagar os arquivos do meu computador. Lutei com o hemisfério esquerdo e desisti, pois admito: a área referente à memória sabe me trapacear em cada vez que te vejo. Há uns dias, vi de relance alguém parecido com você, principalmente devido à cor dos cabelos. Reagi feito uma louca. Corri os olhos para a direção oposta, o coração já palpitante na esperança de que havíamos enfim nos encontrado. Pobre miopia. Ao atingir proximidade, constatei que era apenas um desconhecido que muito provavelmente nem notara minha presença e meu desespero típico de adolescente. Com os passos ainda falsos, caminhei refletindo sobre o que a tua ausência me causou.
Sei que amadureci e que você também já não tem as manias de antes, pois o tempo tratou de mudá-las. Tuas prioridades devem ser outras agora, assim como as minhas são. Até porque, devido a esse crescimento natural, não temos mais paciência de suportar certas infantilidades que presenciávamos um com o outro. Sei que adiantei os ponteiros e acordei na hora errada; estou convicta de que minhas palavras foram lançadas ao vento sem prévia análise; que não aguentei o peso de gostar de você e te aceitar como era. É que naquela época eu não aguentava nem a mim mesma.
Isso tudo não significa que os meus defeitos tenham sido superados, muito menos os teus. Embora represente o controle dos atos em meio às minhas oscilações psicológicas: gritos e silêncio, risos e soluços, pressa e demora, eloquência e gagueira. Recusarei calar-me diante de nossos impasses. É uma promessa. Para sermos felizes, farei de tudo que estiver ao meu alcance físico e psicológico, evitando grandes contratempos, no aguardo de tua reciprocidade. Confesso: achei que nunca iria amar, mas eu acho que te amo.

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