Não existe unidade de idéias. Mesmo com uma só pessoa, já há divergências de idéias, se você juntar duas ou mais pessoas então, aí sim é que a unidade de idéias se torna impossível. Para além de nossos conflitos internos, individuais, intrapsíquicos, há diferenças naturais: cada pessoa é diferente de cada uma das outras pessoas desse universo.
No entanto, não devemos olhar a inexistência de unidade como um problema, e sim como uma riqueza. A inexistência de unidade não quer dizer uma incompatibilidade das diferentes idéias. Existem idéias que são incompatíveis, mas existem idéias diferentes que podem se encontrar, dialogar, podem gerar novos processos.
Mas não é só de idéias que estamos falando. Estamos falando de gente, de corpos, de ações. Não existe unidade de gente, de corpos, de ações, mesmo numa coreografia aparentemente "perfeita", há minúcias de movimentos que só um olhar muito atento percebe. Nossa percepção tende a fechar gestalts, e a gente vê harmonia a mais, se a coisa for bem ensaiada, mas é impossível que dois corpos façam exatamente a mesma coisa. Mesmo uma coreografia tem minúcias.
E ainda assim, insisto, não devemos olhar as minúcias como defeitos. Corpos diversos, gentes diversas, ações diversas, são pontos que contam a nosso favor. [...]
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