Se há um número que me chama a atenção, sem
sombra de dúvidas, ele é o 13. Não sei se é porque a soma dos algarismos
resulta no dia do meu aniversário ou se realmente ele carrega algum misticismo
em minhas experiências. Desde sempre ouço comentários negativos a respeito de
sua significação e isso manifestou em mim uma intensa curiosidade. Quando é dia
13, eu absorvo a atmosfera de um modo ímpar.
Outro detalhe que considero destacável é a troca
de posição desses algarismos, a qual deriva o número 31. Ele também me faz
perder algum tempo a refletir. Sendo o meu número, o 13 me inventa como se eu
fosse nascida dele. Enquanto que o 31 me transporta para a ideia do retorno ao pintar
o fim e anunciar um início, como se fosse um círculo a criar uma imagem de
eternidade.
Causa-me certo rubor acreditar que o dia do meu
nascimento está, subjetivamente, ligado ao número 13 e que o 31, conforme o
calendário romano, aos dias que compõem o meu mês. Talvez essa simpatia proceda
das coincidências malucas que eu mesma crio durante os momentos de ociosidade.
Embora eu assuma uma parcela à minha capacidade imaginativa, a outra se
reafirma sozinha a partir do momento em que se evidencia por intermédio dos
meus relatos de vida.
Afinal, o que seria de nós sem a oportunidade de remexer no passado?
Pensamos tanto no desvendar das intenções dos personagens dentro de uma história literária, corrigimos provas, resolvemos equações
matemáticas, fazemos declarações com frases tocantes, gastamos horas em redes
sociais ou sites de notícias que acabamos por ofuscar o agente dessa viagem da vida. O meu self se integra pelos números e, por isso, não consigo ser cética diante do mundo das
representações.
Ainda que seja um tipo de fraqueza, desvio,
ignorância, atraso ou vontade de suprir ideais reprimidos, eu acudirei o número
13 cautelosamente durante o que eu considero ser a atividade normal das minhas
faculdades mentais. Se não for o bastante, eu me apoiarei no princípio de
reversibilidade que os algarismos têm. Eu serei a manipuladora do pequeno
espaço em que continuamente tento extrair os meus inventos.
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