Que não seja sob pressão. Nada que nos é pressionado a fazer sai de acordo com as expectativas. Mesmo que se trate de validade, de tempo, de prazo. Independe de quanto tempo, vontade, espaço e ânimo você tem. Flui naturalmente, um ato quase, senão, mecânico. Obviamente você para, pensa, ajeita, mas no fundo você sabe que amanhã é possível começar do zero sem peso na consciência. Saber que depois de amanhã é possível criar um terceiro... e assim sucessivamente. Claro, é preciso ter controle, pois quando perdemos o fio da meada é mais difícil de encontrarmos o começo, o objetivo. Fica uma coisa meio ilógica também recriar todos os dias com o intuito de criar. Como eu mencionei, é mecânico. A rotina por mais rotina que seja não vai ser idêntica. Todos os dias acordamos com um pensamento novo, um olhar novo, uma espinha nova. Não vai ser igual. Se é assim para mim, um ser único, dispenso pensar nas infinitas pessoas que encontro. Enlouquecerei se pensar nas pessoas que não encontro, enfim... Até uma obsessão pode ser diferente. O foco é o mesmo, mas sua pontaria não. Seu pulso pode estar mais firme ou mais fraco dependendo da carga emotiva que você vem carregando ao longo dos dias para poder acertar o bendito alvo. O X da questão está em não nos prendermos às comodidades que a vida nos oferece, se é que ela de fato oferece ou somos nós que mascaramos essas armadilhas como comodidades. - Eu quero uma poltrona bem confortável. - Depois da poltrona, preciso de uma televisão com uma visão mais ampla. - O inverno está chegando, com uma poltrona confortável e com aquela televisão seria perfeito um ar-condicionado. - Mas eu acho que a sala está precisando de uns retoques... Maldito círculo vicioso que nos apegamos e insistimos em chamar de comodidade. Um belo dia a poltrona vai ficar velha, a tv estraga, o verão chega e você decide mudar de endereço. Novamente vêm aqueles pensamentos de criação. É uma rotina racional, só que em outra casa. Estamos tão apegados aos bombardeios publicitários que não percebemos que nem a nossa mente é quieta. Ela não tem comodidade. Ela precisa de inovação, ainda que já tenha pensado nisso antes. A sapiência está na questão do cenário e do tempo serem outros, do resultado de experiências, frustrações, alegrias que alojamos dentro de nós. Você está aí por que, afinal? Porque você acha que deve estar ou sua mente fez você estar aí. Não adianta pensar em todos os fatores que influenciaram na sua decisão de estar aí, por ser uma série. Amanhã acordarei na minha rotina de criar. Criar algo novo. Ninguém cria algo velho. O sábio recria, refaz, reinventa. Rotina de novidades, é dessa que eu gosto. Se é que não é redundante na sua concepção mais profunda e filosófica.
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