segunda-feira, 23 de abril de 2012

Linear

Certa vez ouvi uma professora, que se considerava com alto teor de prestígio, ao corrigir um texto dizer à autora: "Quem usa a palavra coisa no texto demonstra não possuir vocabulário!". Eu me senti envergonhada pela autora, pela professora por ter o dever de dizer isso, como se fosse um sacolejo, e senti mais vergonha por mim. Essa minha obsessão de entender as broncas dos outros como um ‘tapa’ na minha cara. Quantos eu já levei, muitas vezes, sem merecê-los! Talvez merecesse por simplesmente ficar ouvindo as repreensões alheias. Entretanto, desde que eu as leve para o meu bem, acredito não ser totalmente culpada pelos ‘tapas’, é só uma consequência de o meu estado crítico ativar exatamente nesses acontecimentos. Em outros termos, eu poderia ser alguém que apenas as ouvisse sem me encolher na cadeira, e por não ser assim me policio.
Não sei se a autora daquele referido texto sentiu-se ruborizada como eu. Não sei também se ela levou em consideração o tom áspero da professora como eu. A única certeza é de que todas as falhas textuais que são mencionadas pelos professores, eu direciono ao meu texto, somente a ele, por pensar que todas essas falhas estão num texto só, o meu. A ideia do nunca acabado me atormenta e mesmo que eu tente considerar um texto terminado, quando ele volta corrigido, os defeitos mais inimagináveis saltam dele.
No entanto, tem "erro" que o autor prefere deixar no texto para causar efeito. É uma questão de estilística. Posso afirmar isso a partir dos meus posts. Por exemplo: se sou redundante, se digo "consigo" referindo a mim mesma, pode ser um emprego proposital, não? Se uso incontáveis vezes a palavra "coisa", provavelmente, eu não quero dar um tom formal ao meu texto e isso não implica que eu não possua vocabulário. Escrever mais ou menos formal vai depender exclusivamente da emoção que desejo passar. O entrave emerge quando se refere a um texto acadêmico, tal como aquele que a professora corrigira. Aí, a coisa pega e a estilística some!
Normas e mais normas. Infelizmente, quando se trata de texto acadêmico, devemos segui-las. Com tantas normas, o uso de antolhos pode fazer surgir a mania de policiar-se a todo instante, mas às vezes é preciso estapear alguém da linha reta, e se esse alguém for você estapeie-se até sair dela. (ai, ai) Considero que o uso indevido de “coisa” pode ter sido influenciado por pessoas que seguem essa linha. “Um texto muito repetitivo me é cansativo!” Ora, se essa é a maneira pela qual o locutor consegue se expressar, tenha fôlego. “O aluno está aprendendo, professor. Um tom mais audível pode não só alcançar aquele que “errou”, como também aquele que se apegou às normas e está te vigiando sorrateiramente. Seja menos tradicionalista, please, pelo meu bem, por enquanto. Ou fale baixinho."

2 comentários:

  1. Vá a merda com essas coisas dos textos acadêmicos! E os professores, com toda educação, vão tomar no meio do se cu, obrigada! hahahahha, me peguei distráida e presa nos seus posts, minha Ferzita! Estou gostando do que li! Adoro sua linguagem detalhista, meio formal e calculista! Sim, porque você me prende nos seus textos, dá vontade de lê-los até o fim (porque olha, não é sempre que leio um post completo de um blog...rs), ainda mais porque conheço e vivo com você algumas das situações "catartizadas" aqui!

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  2. Estou me estapeando ainda, mas chego lá! haha Obrigada, Luazitia! Espero que volte sempre; sinta-se em casa.

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