Hoje o meu raciocínio se mostrou compulsivo por pensar e cheguei à conclusão de que não adianta eu
fazer tudo aquilo que me convém, pois se tenho a predisposição para ser grossa
com as pessoas, nada vai me impedir. O meu jeito faz com que as pessoas se
afastem de mim e em um ato quase involuntário, eu crio um muro maciço. Para ajudar, atraio pessoas sensíveis emocionalmente. Elas se
consideram frágeis, temperamentais ou dignas do meu apreço e tentam me
persuadir com uma expressão de desamparo.
Pobres criaturas! Mal sabem elas que esses atos não me
atingem e, por ora, conseguem ter efeito contrário. Quando eu as imagino
fracas, sinto-me forte e no direito de elas verem o que é ser fraco de verdade.
Fraca sou eu que busco encontrar sentido nessas peças teatrais do cotidiano. Fraca
sou eu que também me utilizo dessas ceninhas baratas, porque um dia acreditei
no amor e, mesmo desenganada, ainda quero encontrá-lo.
O amor ao qual me refiro não é o amor desinteressado e
sem limites, este eu tenho pelos meus pais e sei que eles têm por mim também. O
amor ao qual eu me refiro não vai além do qual eu já possuo, embora traga
alguma satisfação: seja para o ego ou para o lado emocional. Talvez o problema,
se é que se pode chamar de problema, esteja em mim. Em pouco tempo de conversa,
eu consigo traçar os principais defeitos da pessoa, seus gestos ridículos e sua
máscara.
Ando criteriosa demais para me relacionar com alguém. Por
ser comunicativa, tagarela, falante etc., tenho carência de atenção; por ser
curiosa acerca da filosofia e literatura fantástica, eu gosto que compartilhem
das minhas imaginações insanas; e que me respeitem quando eu optar pela
seriedade. Por isso, minha grosseria parece soar na manifestação do silêncio; basta eu me calar
e o mundo ao meu redor se torna um deserto. Encontro-me no lugar adequado se carrego comigo a maneira árida de agir.
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