domingo, 19 de agosto de 2012

Festa do Cachorro Loco

Uepg, campus Uvaranas às 14h. Esperávamos por mais garotas para discutirmos acerca de gênero, machismo, racismo, casamento, família, opressão, capitalismo etc etc etc., mas o sr. Jorge, confundido com o sr. Sebastião, informou-nos que todas as portas estavam fechadas por causa da falta de trabalho devido à greve e que ele (estava nem aí) estava indo embora. Minha câmera foi a melhor companhia a nós duas. Havia um cachorro também, que depois descobrimos ser uma cadelinha, a qual, por sinal, era muito amigável. Tiramos umas fotos juntas: minha amiga, eu e o animalzinho.
O sol torrando, o horizonte pacato. Carros iam e vinham e ninguém à vista, excetuando-se a luz do sol, o cachorro e a câmera. A decisão de sair dali foi assassinada no exato momento em que duas almas vivas apareceram e fizeram ressurgir a vitalidade que a discussão de tal problemática poderia trazer-nos. Porém, eram apenas mais dois ouvintes, os quais também não possuíam as chaves das salas. Agora eram o sol, o cachorro, a câmera e esses dois. Nada mais, afinal o sr. Jorge desaparecera. Nenhum celular com crédito. Um deserto.
Uma lâmpada acendeu ao lado da cabeça da minha amiga quando ela resolveu fazer uma chamada a cobrar para a líder do grupo "Espaço Mulheres". A menina atendeu a ligação informando a sua breve chegada e instantes depois sua silhueta surgia ao longe. Já éramos em cinco pessoas, porém sem chaves, sem salas e sem discussão. Só o sol e o cachorro. A câmera havia sido mergulhada na bolsa, era uma aparição inadequada, considerando que agora ela não tinha intimidade para ser vista pelos olhares desconhecidos. Os cinco, em unanimidade, decidiram por evitar o sol. Restou somente o cãozinho que por receber elogios foi descoberto como cachorrinha. No entanto, ainda que ela possuísse tamanha simpatia não conseguiu nos deter e fomos à busca de um refúgio mais aconchegante.
Nessa procura, andamos da Central de salas ao bloco M na esperança de ter alguma sala aberta, algum sinal de vida. No fim das contas, cansadas, já eram oito pessoas a formarem um círculo no corredor com acesso a bebedouro e banheiros. Desde leituras, bate-papo cabeça, vídeo, música a risadas. Nesse trajeto, frequentemente apareciam pontos de interrogação, mas as vírgulas eram predominantes. Alguns pontos finais. Muitas exclamações, e zipando a conversa do dia deixamos pontos de reticências para estabelecer uma continuação. No processo de construção dessas frases foram feitos como registro desse encontro um cartaz com marcas de todas/os e uma foto. Agora era a vez de ir à festa do “Cachorro Loco”.
Ônibus, terminal, ônibus, Uepg central. Vários pontinhos pretos, se vistos do céu, pertenciam àquele lugar: era uma festa de show de Rock. No caminho encontramos uns dez colegas adeptos desse estilo musical e que iriam ao mesmo destino. Eu já estava ficando com euforia, só não a manifestei antes porque a fome me deu um forte abraço e corri ao “Parada”. Trata-se de um dos bares mais famosos ao redor do campus Central. Foi somente lá que consegui encontrar algo para comer. A barriga clamando por socorro e os caras não tinham troco. Levei até uma cantada como desculpas, que papelão!
Com as forças reestabelecidas, voltamos à festa. Só se ouvia a guitarra, o baixo, a bateria e os murmúrios do povo. Meu humor foi elevando-se de tal maneira que não sei como estava do lado de dentro do bar a dançar lentamente. O ritmo foi acelerando na medida em que comecei a auxiliar na entrega das cervejas e na medida em que minha colega ia ao banheiro e me deixava com sua latinha de cerveja, pois a cada latinha entregue, era um gole. Quando dei por mim estava a gritar "Uhul". Ao retornar, minha amiga parecia não perceber que a cerveja diminuíra e curtia descontraída. Eu me arriscando cada vez mais.
Senti-me livre como nunca: pude dançar, cantar, até gritar e ninguém com moralismo para com o meu comportamento. Saí cantarolante, risonha. Homem medusa, tudo o que vê vira pedra! Cheguei a casa, não havia ninguém. Tomei um banho, um café, chequei e-mails, Facebook e revi as fotos do pessoal que estava na festa. Senti nostalgia. Abri o meu blog e decidi compartilhar tudo o que me fez feliz por meio deste post. Feito isso, nada mais justo do que recarregar a bateria, porque ir de Uepg à Uepg em época de greve soa estranho, mas essa vida de estudante não é fácil! Um viva ao Rock’n’Roll: I believe in miracles!

Nenhum comentário:

Postar um comentário