sábado, 29 de outubro de 2011

Frankenstein de Mary Shelley

Agora há pouco assisti ao filme Frankenstein (1994), adaptação cinematográfica do livro homônimo de Mary Shelley. Por causa disso, estou sensivelmente abalada. Não pelas imagens de sangue, violência que nele contém, mas a essência do filme: quem vê cara, não vê coração.
Conheci a(s) obra(s) por meio da matéria optativa que faço, a qual possui enfoque em representações e autoras femininas da literatura. Essa matéria chama-se Literatura e Mulher. Um nome auto-explicativo, mas que não se limita apenas a esses enfoques, ao contrário, são paralelamente estudadas com obras de cunho masculino. Entretanto, a abordagem tem como objeto de estudo a mulher, unicamente. Essa matéria é dividida em cinco módulos nos quais se alternam literatura greco-romana, espanhola, inglesa, hispano-americana e, novamente, a inglesa. Assim, a oportunidade de conhecer Mary Wollstonecraft e sua filha Mary Shelley se deve à literatura inglesa, módulo III.
Nesse módulo discutiram-se as obras de Wollstonecraft e sua biografia. A ministrante tinha por intento apresentar-nos mais apuradamente a obra de Mary Shelley, Frankenstein, porém não foi possível, cabendo apenas a sugestão de leitura. Empolgada com a primeira autora, quis conhecer melhor a segunda, já que é a  sucessora, herdando, portanto, os dotes de escritora. Alojei-me no quarto e busquei o livro e o filme. Confesso que tentei ler o livro, no entanto, acostumada com a rapidez e praticidade de um filme, desisti e parti para a segunda opção. Três meses que o tenho no computador e só hoje me dei conta de que era possível. Gravei num dvd, sentei-me comodamente no sofá e, sozinha, assisti.
O filme começa calmo e tranquilo. Minha expectativa ao assistir Frankenstein era a de ver uma criatura horrível, destruindo casas, pessoas e tudo que viesse a frente. Não estive totalmente errada, pois se trata de um monstro, mas o que chama a atenção é o modo como as pessoas o recebem, sem ao menos darem-no uma chance para expressar-se. Aliás, o monstro não possui nome. Até então, ele tem bom coração: ajuda a uma família, que quando o vê, age de modo hostil. Para qual finalidade ser bom se enquanto feio para os "homens" é inválido? Julgam-no apenas pela aparência e ele sabe disso. Ao descobrir o seu criador, Dr. Victor Frankenstein, o monstro decide matá-lo por atribuir-lhe essa rejeição que os outros tem por ele. Apenas para aguçar a curiosidade: o fim é sensacional!
Será que agimos assim também? Embora seja uma ficção, questionei-me enquanto assistia, repensando os ditos "monstros" da minha vida. Aqueles dos quais fugi por julgar pela aparência. Às vezes um pré-conceito pode criar um monstro, mesmo que ele não esteja propenso para tal. Depois de criarmos, queremos destruí-lo, acrescentando-lhe as palavras mais depreciativas, modelando-o para ser perpetuamente maltratado. Todavia, caso ele se torne agressivo, dissimulamos e justificamos por ser um "coitado". Por fim, se ele matar a alguém, é um assassino. Contudo, ninguém pergunta o porquê. Afinal, quem é o monstro da história?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VAMOS DAR UM TEMPO? - por Roberto Camargo

Tem gente que treme ao escutar essa frase. Outros vivem a pronunciá-la. Eu proponho o seguinte: Vamos dar um tempo para certas coisas, modas, expressões e comportamentos que já encheram o saco de tanto que se repetem? Por exemplo: um tempo para os crocs, para os sapatênis, pro gergelim (deixem-no para os passarinhos) e para a calça saruel, que tal? Acho que também já está na hora de dar um tempo para as redes sociais... E o stand up comedy? Vamos sentar para conversar? E que tal se aproveitássemos e déssemos um tempo também para o gerúndio, para os aplicativos do iPhone, para a Grazi Massafera e pra Ivete Sangalo? Elas fazem tantos comerciais que, não raro, passam seguidos dois de uma delas e dois da outra logo na sequência... Da mesma forma, a gente podia dar um tempo para os reality shows, para os programas de auditório, para as mulheres fruta, para o homem picanha (??) e para os termos galera, bora, bora lá, balada, ta ligado e, tipo assim: tipo. Vamos parar de uma vez por todas de falar “na verdade” e “com certeza”? Ah! Vamos dar um tempo pros cabelos do Neymar? E que tal darmos um tempo também para aqueles adesivos de familias na traseira dos carros? Ãh? E homem segurando a bolsa da mulher? Eu adoraria que toda, mas absolutamente to-da a humanidade parasse de fazer aquele coraçãozinho com as mãos! Ave Maria, nem a pomba da paz encheu tanto... Cantores e bandas deveriam ser proibidos de mandar o público sair do chão, tirar o pé do chão e de gritar: Quem gostou faz barulho aeee!!!Vamos dar um tempo para piadas velhas? E cutucadas no facebook, que tal darmos um tempo também? Vamos dar um tempo pro tomate seco? Deixa ele se re-hidratar, depois a gente conversa...Mas, se você fizer mesmo questão de comer algo seco, coma funghi. Ou, sei lá, a Deborah Secco... E o cream cheese na culinária japonesa, vamos dar um tempo? E braços cobertos de tatuagens, como se fosse uma manga? Sejam longas ou curtas, vamos dar um tempo? Ah! Vamos dar um tempo para pastores pregando na TV? E apresentadores de comerciais de varejão, que vendem tudo aos gritos, vamos dar um tempo? Vamos dar um tempo para o sertanejo universitário? Enfim, vamos dar um tempo para tudo o que abunda? E para o que já virou bunda também... E o pagamento? É só pra agosto!
Quase esqueço: Cachorros usando sapatinhos também não dá...



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Trezentos e sessenta graus

Passei por fortes emoções nessa última semana, ainda que não sejam graves, fizeram-me vacilar. Minha cabeça estava num transe insuportável. Quando colocava o meu pé para fora da porta, quem estava dentro da sala me elogiava dizendo que eu tinha que lutar. Outras vezes, porém, quando agia do mesmo modo, situações conspiravam para que eu continuasse, e em ambas eu permanecia dentro da sala. Não tinha coragem de jogar tudo pro alto como queria. Era um turbilhão de pensamentos se contrapondo.
Eu sei que, em alguma hora, a ansiedade se dissipa e a bonança chega. Entretanto, é penoso até isso acontecer. Ao passo que estive nessa gangorra de decisões, impedindo o progresso dos meus próprios anseios, deixei em confusão muitos dos que passaram por mim. Justificável seria se as propostas que permeavam todo esse raciocínio fossem, de fato, importantes. Mesmo assim, as escolhas que fiz me foram benéficas, pois não mudei de resposta, estagnei-me aos impulsos mecânicos e corriqueiros. Nada de radicalismo!
Um dia da semana, porém, comentei querer me tornar radical. Todavia, era uma mudança em que eu não me via nela, algo que nunca se refletiria como poderia esperar. A mudança não faria o efeito que eu queria causar, por isso, era desnecessária. Magoada, tentei me olhar no espelho e ver aquela que sorri por coisas bobas; aquela que não chora à toa evitando mostrar ser insegura; aquela que se olha no espelho e não procura pela outra, por já sê-la. Percebi, então, a minha necessidade: ser apenas aquela que havia dentro de mim. Não precisava mudar, pois ser radical não me acrescentaria, bastava me reencontrar. Supostamente solucionado, agi.
Abandonei os meus próprios alvitres radicais. Desfiz a minha carranca, sabendo que o desfecho disso tudo se daria simplesmente por mim mesma. Não havia razão de me rebelar! Em busca de melhoras, decidi por esquecer meus defeitos. Confesso que encontrei certa dificuldade em guardá-los na gaveta e seguir em direção à verdade despida deles. Pode-se dizer um ato de coragem para quem se acostumou a carregá-los consigo, mas valeu a pena enquanto estavam guardados. Agora, o peso deles não me faz diferença, porque sei que posso suportá-lo. O peso que sempre carreguei e que sempre fora meu.

domingo, 16 de outubro de 2011

Transparente

Sempre achei que fazendo perguntas e tentando saná-las seria um modo de sobreviver. Ainda que algumas delas possam não ter resposta, eu ainda vivo nesse infindável interrogatório. Muitas dessas perguntas eu já esqueci, outras não atribuo tanta importância e, certamente, há muitas que ainda serão o meu tormento. Permaneço, porém, inquieta, mesmo sabendo que não obterei muitas respostas ou se eu as tiver não me satisfarão. Por que então busco algo que parece ser impossível?
Gradativamente, navego com essa minha vitalidade, transportando algumas respostas de feição duvidosa, mas o bastante para me servirem de consolo. Quase que instantaneamente, me sinto calma e leve, flutuo durante dias. Entre uma onda e outra, reproduziam-se movimentos sincrônicos que a minha vista embaçada não pôde contemplá-los. Noto que estou me afogando no instante em que a maior onda se atira sobre mim devolvendo-me a visão mais pura. Pedaços de ilusões sobre as águas ondulam ao meu lado. Olho as imensas águas ao longe como prova do engano, de que há muito o quê descobrir e o espaço que outrora ocupei era minúsculo em comparação com o todo. Envergonho-me por ser tão estúpida em acreditar que meu pensamento poderia abranger a imensidão daquelas águas, ainda que de modo abstrato.
Impossível não é acreditar nessas águas e nas suas maravilhas, mas abraçá-las e ter o domínio delas. Proferir algo como "São imensas!" é o mínimo que conseguimos fazer como um ato de saudá-las, pois percorrê-las e achar que as conhece é uma fantasia boba. Como domar tal grandeza, sendo que somos parte dela? Não conhecemos nem a nós mesmos, aquele que convivemos inevitavelmente juntos todos os dias, tal qual um fenômeno da natureza, que ora está calmo, ora em plena fúria. Além disso, infinito. Nós humanos somos limitados: o estudo em determinado ser nunca é satisfatório. Iludir-se que conhece a infinidade é ignorância.
Vemos o que queremos ver. Caso ache que a partícula da verdade possibilita inferi-la por inteiro, seja cauteloso com suas expectativas. Nossa imaginação é fluente desde que nascemos; seus frutos são traiçoeiros e originam de nossa experiência; alimentar tais situações acarreta a cegueira. Não me refiro à cegueira física que não se vê, mas aquela facultativa. Aquela que tem tudo diante dos olhos e insiste em ver absolutamente nada.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Soma de Influências

Pensar é uma característica exclusiva do ser humano. Tem gente que faz mais uso, tem gente que faz menos, embora todos tenham essa capacidade. Não usamos nem metade desse dom, mas podemos chegar longe com esse pouco que aproveitamos. Conceitos e preferências estão alojados no nosso cérebro, prontos para aparecerem e nos guiarem. A partir deles é que se constroem as ideologias. Ou é das ideologias que eles se constroem?
Este assunto foi tema da aula de hoje. Boa parte do tempo a professora nos explicou a respeito da ideologia e o marxismo. Os alunos sedentos por conhecimento não mediram esforços para sanarem as dúvidas. Tentávamos, assim, absorver a essência do texto oral da professora, formando interdiscursos, assimilando com o nosso conhecimento de mundo. Depois disso, a professora nos sugeriu a leitura de alguns autores, tal como Bakhtin, que servem de base para os professores de língua materna.
Eu, curiosa como Sofia, menina de cinco anos que em outra oportunidade apresento-a, fui à biblioteca e emprestei a obra de Bakhtin "Marxismo e Filosofia da Linguagem". Enquanto estava com minhas amigas, comecei a lê-lo em voz alta e percebi o quanto me identifico com ele (mesmo que eu tenha lido apenas o prefácio). Primeiramente, ele usa o pseudônimo de Volochínov, atribuindo as suas obras a outro nome. Bakhtin teria professado que "um pensamento verdadeiramente inovador não tem necessidade, para assegurar sua duração, de ser assinado por seu autor". Particularmente, acho brilhante, pois a partir do momento que algo se torna inovador e é essencialmente importante, os pesquisadores da área irão a busca de mais conhecimento e descobrem o verdadeiro autor. Prova viva é a descoberta do uso do pseudônimo de Bakhtin.
Mas, voltando à leitura e ao conteúdo da aula, elas me fizeram perceber as diferenças existentes entre as pessoas. Somos diferentes desde a nossa aparência (vestimenta, expressão facial, cor e corte do cabelo, maneira de andar), até pequenos detalhes como a impressão digital, a velocidade de falar, nosso vocabulário e, por fim, o nosso pensamento. Justamente por sermos diferentes, somos semelhantes. Complicado, não? Cada um tem a sua ideologia, seu conhecimento de mundo, suas experiências, porém, a todo o momento somos influenciados por diferentes ideias. Por isso, uma soma de influências, as quais podem ser da família, da crença religiosa, das emoções ou devido a nossa própria racionalidade.
Ao mesmo tempo em que para muitos leitores a reunião de conceitos desse post pode ser pura charlatanice, para outros é filosofia. Por isso é importante sermos críticos e pensarmos de modo diferente, pois quando há dúvidas e contradições, há crescimento. Se não fossem as nossas díspares ideologias, dispensável seria o uso do blog, pois todas elas seriam autossuficientes. Qual a sua opinião?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Passadas Ligeiras

Outubro. Primavera. Namoro. Segundo Semestre. Trabalhos. Provas. Notas. Dor de cabeça. Essa é minha linha de pensamento. Permitindo-me o uso do chavão "esse ano passou tão rápido", declaro que a cada ano me surpreendo mais com sua brevidade. As horas parecem passar lentamente, os dias variam, mas os anos cada vez mais depressa. 
Não há motivo para pânico, desde que eu consiga fazer tudo o que os professores me pedem. Pensando bem, é motivo de pânico, sim. Vou ter que esquecer dessa velocidade dos anos e me apegar aos dias, já que eles supostamente se desenvolvem no tempo cronológico. Ainda assim, será que meu desespero decorre da quantidade dos trabalhos ou da qualidade deles nesse espaço de tempo, já que tenho data limite? Enquanto não obtenho resposta do meu subconsciente, perco-me em premissas, que, aliás, não são poucas. Por exemplo: tenho três livros para ler. Duas são leituras obrigatórias e a outra, portanto, é opcional, mas como sou aplicada, curiosa e metida à intelectual, quero ler todos. Sem contar nos filmes que tenho que assistir, e a esses não resta outra opção.
Desvirtuando do assunto acadêmico, esse é um mês muito especial para mim devido a vários fatores: primeiro, porque é primavera, logo chega o verão, minha estação favorita. Desde que eu tinha noção das estações eu aguardo essa época do ano chegar; segundo, porque é o mês em que se comemora o dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil concomitante ao Dia das Crianças. Esse dia me traz inúmeras boas lembranças de minha infância; e terceiro, porque é o mês de meu aniversário de namoro. Esta será a nossa terceira data juntos, isto é, dois anos.
Então, este mês possui maior carga positiva para mim. À medida em que os meses passam, a tendência é só melhorar. Outubro, Novembro, em que haverá dois feriados, e Dezembro, mês  do meu aniversário. Farei duas décadas neste ano, isso não é demais? Eu com vinte anos. Esperei tanto por este dia e ele me chega tão rápido que me arrependo de tê-lo esperado com tamanho entusiasmo. Se antes para mim era motivo de felicidade por ser "gente grande", agora é motivo de choro porque estou ficando velha. Essa não! Tudo por quê? Porque esses anos estão apressados!
Entretanto, o que vale é ter chegado aos vinte anos assim: em busca de mais realizações. Se os anos passam rapidamente não me interessa, o importante é ter chegado aonde cheguei com vontade de continuar caminhando. Mas, calma, aí! Ainda estou com dezenove anos. Antecipei-me pelo hábito da pressa. Ufa, menos mal, é apenas Outubro!