quinta-feira, 26 de abril de 2012

Incoerências

Estudar para uma prova que poupa alusões para o fracasso, logo num dia preguiçoso, não o fará pior, ou melhor. O medo e a ansiedade que te consumirão certamente podem roubar o seu apetite e o seu bom humor. Foi exatamente o que percebi após três horas lendo o livro, objeto central da prova. Era quase meio-dia e eu não havia almoçado, sequer trocado de roupa. Os pijamas e o cabelo desgrenhado não me deixariam mentir. Além disso, lembrei que o tempo se encurtaria ainda mais devido a eu ter que refazer dois trabalhos e imprimi-los. Detalhes que, quando se está com pressa, são suficientes para se proferir alguns palavrões. Assim, comuniquei aos demais (papai e mamãe) que, iria à aula sem almoçar. O que era ficar sem comer num dia que só estava anunciando que seria uma merda? Só um fator a mais, o que nesse caso para mim é nada.
Na universidade, meus pensamentos se dissiparam. O mau humor também. A fome nem havia aparecido, mesmo assim, receosa, comprei umas balas para enganá-la quando chegasse. A prova não foi fácil, mas era o que eu esperava. Quando a finalizei, senti que minhas costas, pescoço e mãos estavam doloridos e minha visão havia ficado embaçada devido a eu ter empregado toda a minha força e concentração durante uma hora e meia! Saí da sala, encontrei uma amiga que pediu para eu permanecer até as 20h20 na universidade e esperá-la. Assenti sem hesitar e aí, sim, o dia me daria o golpe. Fui enganada desde o início.
Primeiro, fiquei conversando com outra colega do noturno acerca do desenvolvimento do curso e o meu ponto de vista. Ela comentava que, ainda que sejam turnos e professores diferentes, estava de acordo com meus apontamentos. Nesse meio tempo, chegou um senhor perguntando onde era a saída da universidade num tom levemente irritado e o olhar passeando pelo corredor do terceiro andar. Informamos que bastaria que ele descesse todas as escadas e encontrá-la-ia. Contrariado, o senhor elevando a voz disse-nos que já haviam o mandado subir, agora o mandam descer. Como assim? Atendendo às nossas instruções, seguiu resmungando. Minha amiga e eu nos entreolhamos e prosseguimos com a nossa conversa até o momento dela perceber que a professora já estava na sala. Despediu-se e saiu. Eu pensei: E agora? Minha outra amiga só sai às 20h20! Vou sentar-me nos bancos desse corredor e fazer o que ela me pediu.
Quando você está a ler alguma coisa é grande a probabilidade de chegar alguém perturbá-lo. Reagiria habitualmente se esse alguém não estivesse fedendo a álcool. Mesmo assim, tentei ser atenciosa, afinal o bêbado era filósofo e poeta. Quis declamar uma poesia a mim, tão nobre da parte de um acadêmico ébrio! Se não fossem os amigos dele, estaríamos até amanhã falando de dor e amor e seus conceitos. Foi uma situação simultaneamente cômica e triste, pois se tratava de um jovem. Um jovem que declarou querer se formar no curso de História. Obviamente pensei "por que diabos você faz Letras?" Mas não me encorajei de pronunciar, pois daria muito pano para manga àquela altura. Enquanto os amigos tentavam persuadi-lo para entrar na sala, eu escapei do campo de visão deles e me ocultei na biblioteca. Lá nada poderia ser tão díspar do que o dia havia proposto inicialmente.
Ainda atormentada com o discurso daquele que estava fora de si, não sei por qual razão comecei a ler um livro sobre Neoliberalismo. Folheei algumas páginas, mas nada do que li fez sentido. Aliás, desde que saí daquele corredor, nada mais fez sentido. Decidida em deambular pela universidade fui pegar minha bolsa. Quando abri o armário, minha bolsa começou a falar comigo, porém a voz era a da minha mãe. Meu nome foi pronunciado duas vezes, a segunda vez foi de maneira irritadíssima. As pessoas que estavam próximas, receio que ouviram, pois me olharam com um ar questionador. O que era aquilo, afinal? Até agora não me conformo que ao esbarrar na bolsa eu atendi o celular e, não o bastante, coloquei na função Viva-Voz. Foi a coisa mais absurda que já me aconteceu. Definitivamente, pensei, minha vida é uma piada. Esqueci-me de qual rumo haveria de tomar e resolvi voltar ao corredor, mas do segundo andar, e ficar aguardando a minha amiga. Cinco minutos depois estava eu a conversar com uma professora. O ímã estava forte hoje.
Essa professora faz parte de um grupo de estudos ao qual também pertenço. Ela comentava sobre a dificuldade de seus alunos aprenderem inglês até que outro colega, de outro grupo de estudo se aproximou perguntando a respeito das próximas leituras a serem feitas. A professora saiu de cena e eu fiquei conversando com esse colega. Percorremos assuntos como textos para leitura obrigatória, fichamentos, superstições, número treze, proficiência em inglês, sites de conversação, interesses de projetos de extensão, Mestrado e, depois de tanto conversar, me dei conta que eram 20h20! Pedi licença e fui ao encontro da minha amiga que já me esperava com um olhar de reprovação. Dissimulei não ter percebido e partimos.
Enquanto caminhávamos, eu falava a ela sobre o bêbado acadêmico poeta. Num instante veio ao nosso encontro um homem meio cambaleante a perguntar a localização de determinado bar. Ele nos abordou de uma maneira tão incomum: olhou-nos como se fôssemos conhecidos e perguntou. Simples assim! Concluímos que era o dia dos bêbados! Enquanto esperávamos o ônibus que demorou uma eternidade para chegar, percebi o quão intensa estava aquela chuva. Fiquei pensando se na quinta-feira, dia 26-04, estaria assim pela manhã em Curitiba. Para me desvincular desses pensamentos, recomecei o meu relato do dia e chegamos à rua de casa rindo descontroladamente, pois minha mania de ridicularizar os fatos é tão aguda à noite, ainda mais quando se trata do que vivi há pouco. 
Entrei em casa mais leve. Ao ver meu Facebook, notei que haviam postado no meu mural. A pessoa que postou é a menos interessada em estudar da nossa sala e o motivo era perguntar se eu fiquei com a sua primeira versão da sequência didática. Ela confessou que refazer as atividades era um de seus objetivos desta noite, mas se desesperou ao não encontrar o documento. Ainda que por engano, senti-me culpada, afinal eu realmente estava com aqueles papéis. Fui eu quem a impediu de executar sua tarefa. Um momento tão raro da vida dela e sou eu a responsável pelo desmoronamento. Em suma, posso afirmar: quanta incoerência num dia só!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Linear

Certa vez ouvi uma professora, que se considerava com alto teor de prestígio, ao corrigir um texto dizer à autora: "Quem usa a palavra coisa no texto demonstra não possuir vocabulário!". Eu me senti envergonhada pela autora, pela professora por ter o dever de dizer isso, como se fosse um sacolejo, e senti mais vergonha por mim. Essa minha obsessão de entender as broncas dos outros como um ‘tapa’ na minha cara. Quantos eu já levei, muitas vezes, sem merecê-los! Talvez merecesse por simplesmente ficar ouvindo as repreensões alheias. Entretanto, desde que eu as leve para o meu bem, acredito não ser totalmente culpada pelos ‘tapas’, é só uma consequência de o meu estado crítico ativar exatamente nesses acontecimentos. Em outros termos, eu poderia ser alguém que apenas as ouvisse sem me encolher na cadeira, e por não ser assim me policio.
Não sei se a autora daquele referido texto sentiu-se ruborizada como eu. Não sei também se ela levou em consideração o tom áspero da professora como eu. A única certeza é de que todas as falhas textuais que são mencionadas pelos professores, eu direciono ao meu texto, somente a ele, por pensar que todas essas falhas estão num texto só, o meu. A ideia do nunca acabado me atormenta e mesmo que eu tente considerar um texto terminado, quando ele volta corrigido, os defeitos mais inimagináveis saltam dele.
No entanto, tem "erro" que o autor prefere deixar no texto para causar efeito. É uma questão de estilística. Posso afirmar isso a partir dos meus posts. Por exemplo: se sou redundante, se digo "consigo" referindo a mim mesma, pode ser um emprego proposital, não? Se uso incontáveis vezes a palavra "coisa", provavelmente, eu não quero dar um tom formal ao meu texto e isso não implica que eu não possua vocabulário. Escrever mais ou menos formal vai depender exclusivamente da emoção que desejo passar. O entrave emerge quando se refere a um texto acadêmico, tal como aquele que a professora corrigira. Aí, a coisa pega e a estilística some!
Normas e mais normas. Infelizmente, quando se trata de texto acadêmico, devemos segui-las. Com tantas normas, o uso de antolhos pode fazer surgir a mania de policiar-se a todo instante, mas às vezes é preciso estapear alguém da linha reta, e se esse alguém for você estapeie-se até sair dela. (ai, ai) Considero que o uso indevido de “coisa” pode ter sido influenciado por pessoas que seguem essa linha. “Um texto muito repetitivo me é cansativo!” Ora, se essa é a maneira pela qual o locutor consegue se expressar, tenha fôlego. “O aluno está aprendendo, professor. Um tom mais audível pode não só alcançar aquele que “errou”, como também aquele que se apegou às normas e está te vigiando sorrateiramente. Seja menos tradicionalista, please, pelo meu bem, por enquanto. Ou fale baixinho."

terça-feira, 17 de abril de 2012

I9

Que não seja sob pressão. Nada que nos é pressionado a fazer sai de acordo com as expectativas. Mesmo que se trate de validade, de tempo, de prazo. Independe de quanto tempo, vontade, espaço e ânimo você tem. Flui naturalmente, um ato quase, senão, mecânico. Obviamente você para, pensa, ajeita, mas no fundo você sabe que amanhã é possível começar do zero sem peso na consciência. Saber que depois de amanhã é possível criar um terceiro... e assim sucessivamente. Claro, é preciso ter controle, pois quando perdemos o fio da meada é mais difícil de encontrarmos o começo, o objetivo. Fica uma coisa meio ilógica também recriar todos os dias com o intuito de criar. Como eu mencionei, é mecânico. A rotina por mais rotina que seja não vai ser idêntica. Todos os dias acordamos com um pensamento novo, um olhar novo, uma espinha nova. Não vai ser igual. Se é assim para mim, um ser único, dispenso pensar nas infinitas pessoas que encontro. Enlouquecerei se pensar nas pessoas que não encontro, enfim... Até uma obsessão pode ser diferente. O foco é o mesmo, mas sua pontaria não. Seu pulso pode estar mais firme ou mais fraco dependendo da carga emotiva que você vem carregando ao longo dos dias para poder acertar o bendito alvo. O X da questão está em não nos prendermos às comodidades que a vida nos oferece, se é que ela de fato oferece ou somos nós que mascaramos essas armadilhas como comodidades. - Eu quero uma poltrona bem confortável. - Depois da poltrona, preciso de uma televisão com uma visão mais ampla. - O inverno está chegando, com uma poltrona confortável e com aquela televisão seria perfeito um ar-condicionado. - Mas eu acho que a sala está precisando de uns retoques... Maldito círculo vicioso que nos apegamos e insistimos em chamar de comodidade. Um belo dia a poltrona vai ficar velha, a tv estraga, o verão chega e você decide mudar de endereço. Novamente vêm aqueles pensamentos de criação. É uma rotina racional, só que em outra casa. Estamos tão apegados aos bombardeios publicitários que não percebemos que nem a nossa mente é quieta. Ela não tem comodidade. Ela precisa de inovação, ainda que já tenha pensado nisso antes. A sapiência está na questão do cenário e do tempo serem outros, do resultado de experiências, frustrações, alegrias que alojamos dentro de nós. Você está aí por que, afinal? Porque você acha que deve estar ou sua mente fez você estar aí. Não adianta pensar em todos os fatores que influenciaram na sua decisão de estar aí, por ser uma série. Amanhã acordarei na minha rotina de criar. Criar algo novo. Ninguém cria algo velho. O sábio recria, refaz, reinventa. Rotina de novidades, é dessa que eu gosto. Se é que não é redundante na sua concepção mais profunda e filosófica.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

Notícias - Artur Oscar Lopes

Correio do Povo - 27/09/73

Informações 
Maria Joana Knijnick, solteira, procura pessoa do sexo oposto para fim de casamento. O interessado deve ser pessoa sensível, que goste de ouvir música, seja alegre, que goste de passear domingo de manhã, que goste de pescar, que goste de passear na relva úmida da manhã, que seja carinhoso, que sussurre aos meus ouvidos que me ama, que tenha bom humor, mas que também saiba chorar. Que saiba escutar o canto dos pássaros, que não se importe de dormir ao relento numa noite de lua, que saiba caminhar nas estrelas, que goste de tomar banho de chuva, que sonhe acordado e que goste muito do azul do céu. Prefere-se pessoa que saiba escutar os segredos de um riacho e que não ligue aos marulhos do mar; que goste de bife com arroz e feijão, mas que prefira peru com maçã, dá-se preferência a pessoas de pés quentes, que gostem de andar de barco, que gostem de amar e que não puxem as cobertas de noite. Não se exige que seja rico, de boa aparência, que entenda Kafka ou saiba consertar eletrodomésticos mas exige-se principalmente que goste de oferecer flores de vez em quando.
End.: - Rua da Esperança, 43
 
 
Correio do Povo - 02/10/73

Informações
Maria Joana Knijnick, solteira, procura pessoa do sexo oposto para fim de casamento. O interessado deverá ser pessoa sensível e que tenha o hábito de oferecer flores.
End.: - Rua da Esperança, 43


Correio do Povo - 10/10/73

Informações
Maria Joana Knijnick procura pessoa que a ame e goste de oferecer flores de vez em quando.
End.: Rua da Esperança, 43


Correio do Povo - 20/10/73

Informações
Maria Joana Knijnick pede que qualquer pessoa goste dela e suplica que lhe mande flores.


Correio do Povo - 14/11/73

Informações
A família da sempre lembrada Maria Joana Knijnick comunica o trágico desaparecimento daquele ente querido e convida os amigos para o ato de sepultamento. Pede-se não enviar flores.

Luneta mágica

Eu não sei o porquê, mas hoje vieram algumas lembranças da minha infância enquanto assistia à missa de Aleluia. Tentei culpar os cantos, pois são lentos e as cantoras possuem voz aguda, os quais me deixaram absorta. Porém, desde que acordei fiquei assim, longe de mim mesma. Mais longe fiquei dos outros, tal como se houvesse um abismo entre eles e a minha mente. O corpo nos protege desse tipo de ausência. O perigo está em alguém tentar interagir, pois não haverá resposta. Por isso quando minha mãe jogou um chinelo ao meu lado para me assustar enquanto eu organizava os papéis que estavam espalhados pelo chão minha única resposta foi essa: assustar-me superando as expectativas. Respondi intensamente ao intento e ao estímulo provocado pelo estalo. Isso não só porque o estalo por si só já tem essa característica de assustar, como também o fato de eu estar "longe". Imediatamente tranquei a porta, fiquei carrancuda e me questionei a respeito de tamanha ira. Achei estar exagerando. Até esse momento eu ainda não tinha notado que meu pensamento havia se desvinculado do meu corpo numa distância tão grande. É como se eu viajasse sem me dar conta de já estar a caminho, apego-me ao silêncio da estrada, entro em transe e só percebo isso depois de alguém buzinar, fazendo-me esquentar de vergonha ou raiva. Destranquei a porta, melhorei a expressão facial e continuei a arrumar os meus papéis como se nada tivesse acontecido. Foi só um susto - retorqui a mim mesma.
Depois disso, minha mãe e eu resolvemos ir à missa de Aleluia. Na igreja só se ouviam os murmúrios. Pronto! O sono se apossou de mim. Mas não era o sono, era a nostalgia, só não soube identificá-la de imediato. Era nostalgia porque por menor relação que as palavras cantadas tivessem com minha infância, eu as relacionava. Nessas analogias, lembrei-me de um Natal no qual meu pai comprou uma luneta de presente para o meu primo. Eu fiquei encantada e só não ganhei também por ela ser considerada um brinquedo de menino. Meus pais não me falaram isso explicitamente, mas só pela reação deles quando eu pedi (e eu ainda me lembro disso claramente) foi muito esclarecedora. Eu pouco me importava com o público alvo daquele brinquedo, se realmente era ou não brinquedo de menino, a luneta permanecia boa parte do tempo em minhas mãos. Toda vez que eu ia à casa desse meu primo, eu a pedia emprestada e olhava as estrelas. Foi um brinquedo que serviu para aguçar nossa criatividade e nossa curiosidade. De dia ou à noite, olhávamos para o céu e ele era diferente por meio daquela luneta. Ela parecia mágica. A única que possuía o poder de nos fazer realmente ver. Eu supus que entre tantas outras que estavam com ela no dia em que fomos comprá-la, meus pais e eu escolhemos a privilegiada como presente.
Meu primo que a emprestava sempre de bom gosto, trocava comigo as impressões celestes que ele teve instantes depois de eu ter olhado o mesmo céu. Era uma discussão boba que não levaria a lugar algum. Não levaria a lugar algum ao tratar-se de astrologia. Em contrapartida, relembrar essa discussão faz reavivar imagens de uns doze anos atrás e se tento retratá-las é porque me trazem um sentimento nostálgico e gostoso. Imagens de um tempo que não volta não só devido ao meu primo que, há sete anos, mora em Maringá, como também porque crescemos. Hoje ambos não possuímos aquela inocência de ver o céu e imaginar o que há por trás dele para comentar a respeito. Não temos nem tempo para ficar nessa atividade que para nós é considerada lúdica. Entretanto, só por expor minhas lembranças e compartilhá-las com os leitores já é algum feito positivo do passado. Era a esse lugar que a discussão me levaria. Lembranças que permanecem bem guardadas após doze anos. Já a luneta, ainda que mágica, não pôde se salvar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Luz, câmera, ócio!

Hoje minha turma vai à aula para assistir aos filmes: Romeo and Juliet (1968) e V de vingança (2006). O primeiro filme será com o intuito de compararmos a obra de Shakespeare e sua adaptação cinematográfica e o segundo filme será para nos atentarmos aos discursos. 
O pior de tudo é saber que não só eu, mas outros colegas meus também pensam que é dia de folga. Nada de esforços cognitivos, apenas um pouquinho de atenção e bastará para termos participado da aula. Digo isso porque já conversei com esses colegas e eles confirmaram a minha suspeita. Pode até partir de uma premissa positiva, por parte dos professores, assistir aos filmes, mas que, geralmente, fazer-nos assisti-los faz com que pensemos assim: "filmes servem para ocupar boa parte da carga horária". Há quem vidre no telão, há quem só fofoca e há quem observa essas pessoas: eu.
Ora eu converso, ora eu fico vidrada, porém eu analiso muito, mais além do que o normal. Estudo meus amigos, o(a) professor(a) e eu mesma. Nem eu escapo. Enquanto poderia estar voltando toda essa minha capacidade para estudar meus colegas na sala e voltá-la para a análise do filme em si, não, eu simplesmente divago sobre o modo como as pessoas podem estar reagindo. Reflito ainda acerca do professor pela postura, pelo olhar, pela maneira que ele(a) apoia o queixo na mão. Será que ele também acha ser um passatempo? Um "matar" aula?
Invariavelmente, nós alunos, com algumas exceções, consideramos essas aulas o momento propício para vaguear mentalmente, porque mesmo de corpo presente, a mente nos é incontrolável. A lembrança de esta semana ter apenas mais dois dias letivos colabora para adotarmos tal postura. Refiro-me à postura de ficar sentado, com o queixo sobre a palma da mão, a coluna curvada para frente, olhos mergulhados em meditação e a mente sabe-se lá onde.