domingo, 30 de junho de 2013

Hoje, Antes

Hoje te sinto estranho a mim
Teu gênio diferente do meu.
Ontem, devaneios sem fim,
Tu, a luz no que era breu.

Antes, feliz peito palpitante.
Me beija, abraça e sussurra!
Agora, finge-se de amante.
Descasca, corrói e não cura.

Palavras e promessas se vão.
Felicidade em tom de despedida:
"Mas você é o amor da minha vida".

Mera sentença, vazia expressão.
Eu na permuta verbal forçada.
Se soma ou subtrai? - Quase nada.

sábado, 22 de junho de 2013

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

-- Autor desconhecido.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Desfoque

Eu preferiria descrever a sensação que tive em receber meu primeiro pedido via internet ou, também, o meu desempenho na apresentação do meu projeto de extensão em um evento da Universidade. Gostaria de falar do meu nervosismo e noite mal dormida. Contudo, opto por comentar a respeito da manifestação em São Paulo contra o aumento da passagem. Mais especificamente, quero traçar algumas reflexões que tive enquanto lia as notícias acerca de "politicagem".
No nosso país que se diz democrático, ou seja, um país em que o poder é exercido pelo povo, eu não consigo enxergar vantagem alguma quando nos referimos à administração dos políticos. A ideia que nasce ao falarmos de votos, que todos temos direito a isso e àquilo, é a de que não passa de mais uma maneira de enganação. Tudo porque o voto nada mais é do que um "ponto" para determinado candidato graças ao seu discurso persuasivo.
Quem de nós do povo garante uma vaga a partir do discurso elaborado, pela simpatia, boa aparência sem precisar passar por alguns testes? Esse processo de seleção não acontece simplesmente porque temos qualidades estampadas na cara. Ademais, só conseguimos uma vaga para sobreviver, com um salário bem menor do que o dos políticos, após a avaliação de alguém que supostamente possui mais experiência, seja ela de caráter etário ou profissional.
Nessa perspectiva, surge uma questão: "por que será que é o povo que elege os políticos?". Como ainda não tenho a resposta dessa, surge-me outra: "por que não há investimento na educação?". Refiro-me ao investimento financeiro que visa às melhorias de material escolar de boa qualidade, infraestrutura, bem como material, curso preparatório para os professores. No entanto, é de lembrar que muitos políticos não têm essa preocupação em "formarem-se políticos". Eu, por exemplo, nunca vi um curso de graduação com disciplinas voltadas para a formação profissional de um político. Nem mesmo um especializado em política; mestre, doutor, pós-doutor.
Quem me garante que alguém formado em Direito saberá administrar uma cidade? Embora eu acredite que existam discussões de cunho político, o foco não é esse*. Acho injusto pessoas terem o título de político sem terem formação política, sem terem passado pelo processo de discussão voltada para este fim. Cadê os quatro/cinco/oito/dez anos que tantos de nós passamos estudando para conseguir um título que parece nos dar mais chances de emprego?
Para finalizar, não podemos nos esquecer de que enquanto uns pregam que "pior que tá não fica" e conseguem mais de 1,3 milhão de votos para deputado federal pela simpatia e popularidade, e ainda precisam provar o nível de alfabetização, outros protestam nas ruas pelo aumento de R$0,20 no transporte público, sofrendo com balas de borracha por gritarem "sem violência". "Que país democrático é esse que só valoriza o povo quando é a elite que se afirma como potência de poder, promovendo-se com os seus discursos elaborados e atos violentos?".
Se nós não obtermos respostas, ou se nem nos surgirem perguntas, limitar-nos-emos em assistir às manifestações, comodamente sentados em frente à televisão, repetindo tudo o que os jornais recortam e reinterpretam. Isso não ajuda a mudar. No mínimo, o que acontece depois é a eleição de mais um incompetente para construir rodovias, prédios, farmácias sem o pingo de comprometimento com as necessidades financeiras imediatas das minorias (maiorias) que se locomovem de um lugar para outro utilizando o ônibus.

* Trata-se apenas de um exemplo; não tenho a pretensão de generalizar os políticos formados em Direito.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cômodo: sente-se

Na discussão entre professores, a minha indignação se eleva quando o argumento de "coitadinho" é proferido. O professor (no seu termo de gênero gramatical neutro) não é o profissional que precisa da pena dos outros profissionais. Aliás, em minha humilde opinião, nenhum profissional merece misericórdia, afinal, a partir do momento em que se considera o exercício "profissional", logo não se trata de um amador. Um profissional, portanto, não é amador e isso pressupõe que ele tenha certa formação para exercer o seu cargo, independente do risco de vida que ele possa correr.
Categórica? Um pouco, talvez. Meu objetivo não é traçar quais os estratagemas que determinado profissional se efetiva como tal, mas considerar que é de extrema importância que se considere a sua jornada até a sua práxis. Evidentemente que ninguém nasce sabendo e é por isso que precisamos da oportunidade de capacitação, seja quem formos: médicos, dentistas, professores, coletores de lixo, escritores, donos-de-casa (e engraçado que aqui o termo de gênero gramatical é habitualmente usado para o não-neutro, isto é, o feminino) etc.
Se ficarmos papagueando que os professores não têm salário bom, que as condições de trabalho são precárias, a estrutura da escola é degradante, que não há incentivo para conosco, estamos, de certa forma, admitindo que não somos capazes. Precisamos refletir acerca da educação de nossos pais, avós, que certamente não possuíam a tecnologia como conhecemos hoje e sabem discutir sobre determinado assunto de uma maneira surpreendente. É óbvio que eles não conseguem se desdobrar com tamanha facilidade na esfera digital, mas é certo que a educação já acontecia na época deles.
O que quero destacar é a falta de preparo, até mesmo argumentativo, de certos profissionais (em geral), os quais se utilizam de estigmas/estereótipos/clichês/chavões por mera comodidade. É tão mais simples reafirmar aquilo que o senso comum insiste em propagar e se acolher, esconder, omitir. Com enfoque nos professores na era da tecnologia, é inadmissível dizer que os alunos não sabem falar, escrever enquanto estamos no auge do século XXI que proporciona a eles o desenvolvimento dessas habilidades. Quem não lê, seja um texto verbal ou visual (como imagens, vídeos, símbolos) e não interpreta esses textos, não se comunica e não se insere na esfera além do real, não atinge o outro lado da tela do monitor. 
Assim, o professor como mediador desse conhecimento precisa se interessar em conhecer esse outro mundo, ainda que o processo de ensino-aprendizagem não dependa apenas desse conhecimento. Além disso, é de se considerar que os brasileiros se alastraram nas redes sociais: "de 2005 para 2008, o índice de jovens que acessam a web cresceu de 66% para 86%, sendo o maior crescimento observado no acesso às redes sociais" (DOSSIÊ UNIVERSO JOVEM 4, 2008) e, por isso, a atualização a respeito da tecnologia é necessária em qualquer profissão. No entanto, acima de tudo, a curiosidade e a ousadia se movem apenas pela intenção do indivíduo. Não basta saber o que é a tecnologia, é preciso filtrar o que ela tem de melhor e saber utilizá-la. Porque percalços existem em qualquer profissão.