segunda-feira, 27 de abril de 2020

Amargura

Essa era de ficar em quarentena está me matando. Visto que, embora no início desse blog eu era a pessoa caseira, acabei me tornando o oposto e prefiro a vida agitada. As reações que tenho são resultado de uma rotina indesejada. Ficar em casa é até certo ponto bom. Você faz as tuas coisas de pijama enquanto toma café na tua caneca preferida. Ouso a dizer que você pode até falar sozinho sem ser julgado. Que vida!
O lado não tão bom disso é que há necessidade de muita disciplina para tanto trabalho. Estou constantemente com dores de cabeça porque o meu quarto costumava ser o templo do descanso, do lazer em 90% do tempo. Agora é 100% dever. Eu nem tenho escolha para onde ir e o que fazer. Infelizmente, a energia do meu cantinho está carregada de preocupações. Eu queria poder livrá-lo disso.
Antigamente, eu vinha aqui para escrever tolices engraçadas, anedotas e imaginações sem pé nem cabeça. Tudo que eu queria era expor o que a minha mente estava superlotando. Agora sou essa amargura que só consegue pensar em prazos e ordens a serem cumpridas. Vida de adulto será? Não sei lidar. 
Saudade da época em que elaborar um texto para o curso superior era uma preocupação. Aquilo nem era nada perto disso. De fato, os dois são desgastantes, mas em níveis diferentes. Sei que ficar em isolamento não é algo exclusivo a mim, porque não é uma situação local. Está acima de nossas possibilidades de escolha. Mesmo assim, que falta sinto da minha rotina de ir para lá e para cá; de reclamar de outras coisas.
Aí você que está lendo pensa "e daí?". Eu respondo "sei lá, viu". Estou perdida. De quê adianta ficar nesse falatório infinito? Aliás, o TEMPO é precioso. É também algo que não sei administrar muito bem, seja por falta de costume, vontade ou energia. Por isso, já vou.