segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Show

Habituada com todas as sextas-feiras, não esperei algo de novo nessa que passou. Além de acordar cedo e ter aula, havia também um espetáculo de literatura clássica na universidade. Talvez fosse o primeiro sinal de que o dia seria diferente, mas, ainda assim, não percebi. Combinei com minhas amigas de irmos assistir a peça de teatro que ocorreria exatamente no mesmo horário da primeira aula. Estava cansada o bastante para assistir à uma aula que havia quitado todas as atividades avaliativas. As minhas amigas por serem de outra turma foram  dispensadas pelo professor, o qual colaborou com nosso plano. Fomos à apresentação teatral e rimos muito, realmente muito boa!
Terminada a peça, decidimos voltar para a casa. Para mim seria simples, pois a professora das aulas do segundo horário também havia-nos dispensado. Entretanto, desacostumada à inércia, convidei a minha amiga, que também é minha vizinha, confidente, companheira, para passearmos no shopping, já que as outras tinham compromissos e recusaram o convite. Ela, no entanto, aceitou, pois desde que comecei a trabalhar nossas conversas se reduziram a tal ponto de ela ficar depressiva. Ela percorreu o pátio de entrada do shopping com tamanha satisfação, sentamo-nos por um tempo no primeiro banco que encontramos e conversamos. Há quanto tempo não conversávamos assim tão tranquilamente? Descansadas, decidimos, de fato, passear. Senti-me como se eu estivesse no ensino médio: parei em vitrines, sonhei que usava tal peça de roupa. Aliás, não só eu, minha amiga também. Mas ao olharmos o valor de tais peças maravilhosas, recordamo-nos das duas acadêmicas falidas que somos em razão das meras fotocópias com validade de um ano e que esse tipo de luxo ainda não está ao nosso alcance. Enfim, depois desses desapontamentos, decidimos ir à praça de alimentação, pelo menos lá o preço é aparentemente alcançável. Quimeras!  
Um milk-shake para ela e um sorvete para mim não bastaram para saciar os nossos olhos, porque àquela altura a fome não estava em primeiro plano. Resolvemos comprar uns salgados e para acompanhar um suco que, em seguida, foi dividido. Poxa, o preço é absurdo, tudo muito caro, o jeito é dividir. Insaciadas, mas conformadas com o bolso bem mais magro, após quatro horas de risadas, percebemos que já era tarde para duas acadêmicas falidas estarem num shopping e fomos caminhando até a saída. Nesse caminho, minha amiga vê de vislumbre o nome de um cacau que é show e convida a outra criatura para segui-la e comprar um bombom. Persuadida com aquela fragrância achocolatada do ambiente (o que é propositadamente feito), comprei um bombom para mim também: foram dois bombons! Como já comentei, desacostumada à inércia, ainda assim, sentei-me do lado da minha companhia e devoramos o chocolate. Amedrontada com mais uma proposta financeira, recorri ao falso desespero e solicitei que fôssemos embora urgentemente. Não sei se por condicionamento, ela aceitou e, finalmente, num pestanejar estávamos em frente ao portão comentando o tal passeio.  
Gastei dinheiro, adquiri algumas calorias, cansei-me etc., mas nada pode pagar aquelas risadas, aquelas conversas e comentários. Aquele chocolate show. Agradeço a Deus por ter colocado pessoas assim no meu caminho, que veem felicidade nos pequenos instantes. Agradeço também a Ele por eu ser uma delas, pois, caso contrário, não estaria aqui registrando. Para quem não esperava coisa alguma de sexta-feira até que foi positivo, não é? Espero, todavia, que esse tipo de surpresa se demore num determinado espaço de tempo ou então terei que me tornar política.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alheio

Em minha opinião, um dos atos mais admiráveis nas pessoas é a vontade de ajudar. Para não me estender, foco na vontade de ajudar em atividades dentro da sala de aula, pois esse é um dos objetivos da minha  futura profissão, senão o carro chefe. Não tem outro meio de uma profissão ser bem sucedida ao desvalorizar os próprios princípios: o querer ajudar. Não apenas transmitir informação, mas absorver as informações dos outros (professores e alunos!). Entretanto, o que impede o triunfo dessa profissão é o desinteresse cujo pode partir do "mestre" ou de seus "seguidores".
Há um mês tive a ventura de ser solicitada para ensinar língua inglesa a uma garotinha. O meu maior sonho é ensinar inglês, mesmo que seja para me decepcionar e dizer: "Isso não é para mim!". Por mais rebaixada que a profissão "professor" seja, eu quero enfrentar e não descansarei até que tal afirmação resulte da minha própria experiência. Não duvido dos professores que reclamam de salas superlotadas, crianças tagarelas, baixa remuneração, porém, só posso corroborar depois de enfrentá-los. Há professores que ainda veem algo positivo no ambiente escolar, embora façam parte da minoria. Eu os parabenizo. Agora, para os que só reclamam, é o seguinte: se cada pessoa crescesse com o sentimento de repulsa em relação a todos os comentários negativos, viveríamos em ócio. Não haveria mais esperança, pois se teria a ideia do que já deu errado. Por isso, poupem-me de comentários que intencionem o meu bloqueio.
Aliás, quando se tem um sonho para a realização profissional, não nos deixamos influenciar por engenheiros, médicos, doutores que tiveram sucesso. O que buscamos é a nossa realização profissional. Podemos até comentar que aquela ou outra profissão é mais remunerada, mas isso não significa que não se possa ser bem sucedido no que se escolheu. Por exemplo: um médico erra na dosagem de determinado medicamento e o paciente entra em óbito, o médico é exonerado e vai preso. Quantos casos parecidos nós ouvimos? Piores até. Nem por isso o curso de medicina deixou de ser o mais concorrido aqui na cidade. Estranho que jovens, em geral, de classe média, não deixaram ser influenciados. Estranho? Não. Persistência!
Ser professora é o que sempre quis, se estou equivocada ou sonhando alto, prefiro cair por mim mesma. Andar com meus próprios pés, mesmo que seja para tropeçar. É possível que nessa caminhada, eu aprenda com os tropeços e evite cair. Posso, também, apontar os atalhos, as pedras e árvores que produzem sombras, conveniente para o descanso, mas, ainda assim, não guiarei os passos de ninguém. Cada um precisa de independência, de liberdade, de experiência. No caso de valer a pena ou não, será um conceito individual. Por isso, essa outra vontade de ajudar me é inválida.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Turbulências

Acordar cedo e trabalhar, estudar à tarde e estudar. Essa é a rotina de quem um dia se propôs a escrever pelo menos uma vez por semana num blog. Em saber que a segunda-feira está chegando, meu alarme mental já me deixa em sinal de alerta, meus olhos ficam apreensivos e meu coração ansioso. Esse desassossego não se deve às dificuldades e perturbações que eu enfrento nas manhãs, mesmo porque estou no início ainda, mas devido ao cumprimento do horário estabelecido e as leituras do curso que devem estar em dia.
Posso ser chamada de insensata, por dois motivos: primeiro, porque neste ano já tenho muitas coisas para fazer, como já venho mencionando nos meus últimos posts; segundo, ano que vem terei o triplo de obrigações deste ano, desde estágios e elaboração de planos de aula, até a escolha do TCC. Considerando essas situações, acredito que trabalhar e estudar, por enquanto, está sendo conciliável, pois meu trabalho é voltado para um projeto de pesquisa com a mesma temática que pretendo seguir no meu TCC, embora os objetos de análise de um e outro sejam diferentes. De qualquer maneira, tal projeto me permite adquirir prática nesse âmbito, fazendo a escolha decisiva do assunto do trabalho de conclusão, tendo um considerável progresso do simples "pretexto".
Além disso, enquanto há a possibilidade de trabalhar numa sala individual, perto da Universidade, enriquecendo minha fundamentação teórica de modo assalariado, sem interferência negativa nos meus (prezados) estudos, estarei disponível. Aliás, minha orientadora é competente, sociável, e serve como inspiração para meus almejos profissionais. Quando ela se apresentou como nossa professora, eu pressenti que ela não nos decepcionaria, ou mais individualmente, não me decepcionaria. Desconsidere, caro leitor, a hipótese de bajulação da minha parte, pois essa professora não tomará nota desses elogios porque, além de viajar com frequência, ela se preocupa em obter qualificação, não fãs. Porém se acontecer, como foi comigo, é apenas uma consequência.
Enfim, trabalhar para alguém digno de ser imitado é um honra. Por isso, não me julgue insensata, fui eu quem escolheu trabalhar, estudar e postar no blog. Fazer reclamações é costumeiro da minha personalidade, bem como apontar os pontos negativos e pesá-los com os opostos. Inútil, portanto, seria tornar sábio que as minhas reflexões também circulam no momento em que tomo atitudes. Até então, tais escolhas não me desapontaram. Contudo, se perdi a noção do que é limite, não sei, mas que me fez bem agir em pleno horário de verão, é inquestionável, e confesso ter esquecido de colocar esse ponto positivo em questão. Resta-me agora aguardar o temido inverno.