sexta-feira, 12 de abril de 2013

Cala na fala ou fala na cara

Aprendi que nem sempre calar-se é a melhor maneira de ser socialmente aceito. É preciso que se fale. A questão está no emprego das palavras, em sua semântica. Antes de tudo, refletir a respeito de como o receptor pode interpretar a sua mensagem. O que vale é não abafar aquele sentimento que nos marca como sujeitos. Temos diferentes opiniões e conseguir expô-las com clareza é fruto de um minucioso pensar. Desde que se junte à fala o respeito e a ética, a opinião alcançará a sua finalidade.
A linguagem verbal, seja ela escrita ou oral, é uma das ferramentas de comunicação que usamos desde quando emitimos nossas primeiras palavras. Essa aquisição de vocabulário parece se desenvolver de uma maneira natural enquanto crianças, embora nos seja instruída a impossibilidade de se falar palavrão na frente dos adultos, ou gritar e dizer algo de mau gosto ao coleguinha. Lembrando que os atos de dizer palavrão e gritar estarão ligados ao contexto, assim como as múltiplas maneiras de se comunicar, e cabe somente a ele a permissão de afirmar se houve intenção ofensiva ou não. Invariavelmente, forçam-nos a acreditar que somos amiguinhos/as e o mundo é lindo.
Contudo, já adultas, algumas dessas crianças crescidas possuem a tendência de apagar definitivamente essas regrinhas básicas do viver bem. Com a memória falhando, a ausência de maturidade é um dos pontos principais, e ela se revela, principalmente, por meio da linguagem. É a partir de uma produção mais apurada que os preconceitos e equívocos ficam sujeitos a serem reduzidos, mas raramente se reserva um cuidado a esse processo.
Tal postura se deve à falta de capacidade de ter objetividade. Quem age desse modo transmite o desejo de ser o planeta Terra na versão de Ptolomeu, isto é, o centro de tudo. A fim de se sentir na segurança de agir com criticidade, o foco é prender a atenção do público. Obviamente, é um paradoxo, tem seu efeito colateral: o alvo é atingido, mas a arma utilizada como defesa é o discurso alheio. Não há justificativa desse grupo, exposto ao ridículo publicamente, calar-se. Por meio da palavra, daquela pensada e repensada, novas posturas se desencadeiam e uma solução será promovida. Ou espera-se que seja.
Uma página social pode até fazer com que você adquira status ou credibilidade, considerando que usamos máscaras todo o tempo e a Internet é o lugar onde ela mais obtém consistência. Contudo, se o intento geral é somar verdadeirxs amigxs, desista. Antes de qualquer coisa, reveja a tua participação, assuma as tuas responsabilidades. Evite causar situações vexatórias a si mesmo. Não acredite que a Internet é uma terapia. Se você tem a coragem de autodenominar-se um coitado, use-a para outros fins mais lucrativos: invista no diálogo que se faz pessoalmente.

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