quarta-feira, 24 de abril de 2013

Sem recortes, por favor!

Hoje navegando pela Internet me surpreendo com uma página que diz ser contra o feminismo e as razões se baseiam na suposta imposição de respeito que o movimento exige das mulheres. Conforme os/as antifeministas dessa página, o feminismo não fez nada para ninguém. Essa página ainda defende que o lema de "liberdade, respeito, igualdade" não passa de balela e que as feministas se consideram as "verdadeiras defensoras das mulheres", quando na verdade, tudo não passa de uma propaganda falsa. Para os/as antifeministas, o feminismo condena quem discorde dele e o consideram nada além de um movimento inútil da mulher "moderna".
Entendo que todos/as nós possuímos o direito de expor nossas opiniões e até mesmo de criar páginas falando a respeito delas. Contudo, atacar o movimento feminista embasado em questões pessoais, filtrando apenas aquelas mulheres que não conseguiram seguir com suas teorias, é um erro sem tamanho e as proporções que essas discussões nos levam são imensas e desastrosas.
Acredito que nem todas as pessoas que seguem essa página e que concordem com as suas ideias estejam equivocadas, mas essa postura favorece a construção de uma ideia fixa a quem desconhece o assunto, porque só vê o recorte reinterpretado da história, e está sujeito a concordar por comodidade. A questão não é fazer parte do feminismo e se autodenominar feminista, tampouco oprimir as mulheres e os homens. Mas, caros e caras, não é justamente isso o que essa página está fazendo? Não se tem avanço consistente ao atacar o inimigo com críticas de acontecimentos recortados. Se o fito de um/a antifeminista é fazer parte da sociedade conservadora que acredita que cabe à mulher apenas o papel de dona-de-casa, tudo bem. Se não é, melhor ainda.
No entanto, ao relatar histórias de mulheres que não são mais feministas devido ao movimento não ter dado certo ou por elas acreditarem que o feminismo "obriga" as mulheres a segui-lo, e que os/as antifeministas têm a razão, é um tipo de propaganda, não? Como estudante das teorias feministas, eu observo que quando comento a respeito do meu tema de TCC ou Mestrado, os pensamentos que me classificam como "fundamentalista, machona, insensível, entre outros estereótipos" são inevitáveis, mas não gerais. Fico feliz pela parte que conhece o meu assunto e respeita a minha escolha. Assim como eu respeito a escolha dos/as colegas que desconhecem o feminismo, mas me perguntam o porquê de eu ter optado por essa linha de pesquisa. Igualmente àqueles/as que não demonstram interesse algum. Ninguém é obrigado a saber o  que o feminismo defende, da mesma maneira como o feminismo não é obrigado a se oprimir.
Cada um/a tem uma opinião e desenvolve-a no momento e no lugar que quiser. É a liberdade. Cada um tem o direito de estudar, de dizer que esse "feminismo", ao qual a página se refere, é nulo. É a igualdade. Mas, acima de tudo, precisamos saber conviver com pessoas que se dizem feministas e, apesar disso, não conseguem, por alguma razão, transformar a pequena parcela que os rodeia. Para mudar alguma coisa é necessário mudar a si, ter uma mente aberta e ser tolerante ao ponto de ler ou ouvir a certas calamidades e se manifestar, a favor ou contra, dispensando as ofensas. É o respeito. 
Liberdade, igualdade e respeito. Parece-nos difícil aplicar ao nosso dia a dia enquanto permanecemos de olhos fechados. A partir do momento em que generalizamos, estamos limitando e subestimando a capacidade de evolução dos sujeitos. Uma das maneiras para evoluir é refletir acerca dos assuntos que nos atingem direta ou indiretamente. Ser capaz de enxergar que o/a outro/a, se se empenhar, pode chegar onde quiser, carregando os valores agregados ao longo da vida. Valores como: liberdade, igualdade e respeito. Ninguém vai precisar denominar um movimento de inútil, nem passar um período de tempo escrevendo, pois cada um de nós estará ciente de que só haverá equilíbrio se esses valores forem cultivados e, de fato, transmitidos em sua totalidade.

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