quinta-feira, 18 de abril de 2013

Leitura rasa

A ignorância é assim mesmo, invade qualquer lugar, se estampa por meio de mecanismos midiáticos influenciáveis. Sabe-se que a quantidade de textos e imagens com representações preconceituosas é grande, bem como sua circulação. Contudo, a questão está na sua abordagem, a qual geralmente se dá desprovida de criticidade, isto é, sem uma prévia reflexão. Possivelmente, a defesa de quem contribui para que o preconceito ainda exista se apóie em justificativas auto-anuláveis. Admitir não conhecer determinado assunto e insistir em desprezar o outro lado da história não te atribui um caráter positivo. A capa que te protege não é tão eficaz quanto você acredita ser.
Embora se tenha acessibilidade à Internet, que nos possibilita ter um amplo conhecimento superficial, a falta de análise crítica impera. É ela que vai mover os coraçõezinhos apaixonados, cegos por essa moleza emocional. Bobeira é acreditar que alguém machista vai te fazer algum bem só porque tem olhos azuis e você acha bonito. Assim como a beleza é subjetiva, localizada, histórica, relacional, imposta e, portanto, passageira, o caráter também o é. No entanto, eles se diferenciam nos impactos sociais: quem não tem essência, de pouco importa a aparência. Ingenuamente (ou não tanto assim, pois também comercialmente), ter beleza é uma "virtude" e ela é alimentada como se estivesse diretamente relacionada ao conhecimento, status. Ser belo e inteligente não é regra; se for, há muitas exceções.
Muita informação e pouca leitura: um dos grandes paradoxos do século XXI. É de se saber que tal problemática é recorrente nas escolas, nas mídias e no ambiente familiar. Entretanto, se existe o reconhecimento de estar ignorante num específico tema e ainda se submeter a transmitir mensagens opressoras, por meio de piadas, a ignorância se duplica. Ao passo que a interpretação é feita e absorvida pelos/as interlocutores/as, gerando comentários, sejam eles de cunho a favor ou contra, a característica dúbia atinge sua multiplicidade. 
Essas atitudes me remetem ao mito da caverna, de Platão. Precisa-se de coragem para sair do comodismo. Afinal, é bem mais fácil nutrir a beleza e alegar que o final de semana é o momento ideal para ser feliz. Mais fácil ainda é apenas assumir que se é ignorante num assunto. Evidentemente, desenvolver o lado esquerdo do cérebro exige certo esforço, capacidade, mas isso não automatiza a ociosidade do direito. Um hemisfério necessita do outro para desempenhar as suas funções, até as mais desprezíveis, como essa que você vem fazendo na mídia. Provavelmente, teu desejo é continuar nessa obscuridade e conhecer um lado da história. Sua filosofia de vida, paupérrima, não acaba por influenciar quem ainda procura ser crítico, pois felizmente nem todos/as são tão ignorantes ao ponto de achar que a ignorância é a desculpa para ser hipócrita.

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