sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dia do amigo

Eu sei que o "Dia do Amigo" é só mais uma oportunidade comercial para as pessoas gastarem dinheiro. Sei que elas são persuadidas a fazerem compras para não deixar a data passar em branco. Propagandas por todos os cantos da cidade, além de conter anúncios na Internet, o que faz com que a gente sinta uma pequena obrigação de presentear alguém, marcar o seu dia, tão especial. Oh! Tantos desejando feliz dia do amigo nas redes sociais e mais uma vez o que é tão raro é banalizado. Por intermédio desses vocativos, alguns tentam mostrar o quanto possuem fama.
Entretanto, o que faz de nós sermos "amigos" é compartilhar tristezas, alegrias, vivê-las juntamente e isso não acontece num dia, só em anos. Mas, se é assim, como fica a amizade à distância? Eu tenho amigos que não vejo no corre-corre da semana e mesmo assim considero-os como tal. Amizade é um sentimento indefinível. Uns você chama de "parceiro (a)", outros de "amigão/ amigona", poucos de "son of a bitch/ bitch" e todos eles fazem você feliz de algum jeito. Todos irão te decepcionar e pedir desculpas depois e, do mesmo modo, você os machucará e se desculpará.
Além disso, quando se fala em amigo, há certa insistência em pensar em pessoas, e os nossos queridos animaizinhos de estimação? Quando estou triste são os meus cinco Poodles que ouvem meus lamentos. Quando quero diversão basta chamá-los e eles estão prontos para a aventura. Esses cachorrinhos são a minha alegria! Tem outra cachorrinha, uma Yorkshire, que não está sempre comigo, mas que também completa o time da família, que participa das nossas brincadeiras. Esses amigos não veem e nem entendem as propagandas do "Dia do Amigo" e, talvez por isso, são os nossos melhores companheiros. Não dizem uma palavra, e possuem a capacidade de se fazerem compreensíveis. É uma dádiva sem tamanho tê-los!
Outros amigos são os livros. Novos, velhos, brancos, azuis, laranjas. São frutos de compras, do capitalismo, de toda essa manipulação mercantil, mas não são efêmeros. O conhecimento, as viagens, as divagações que as páginas lidas nos proporcionam é de desmedido valor. Parece que voltamos séculos quando lemos determinadas histórias; em outras refletimos a nossa vida; há ainda as que nos fazem idealizar um futuro. Livros são amigos e trazem as palavras de um dito não dito, o leitor é quem pescará o sentido e o refúgio que procura. Tão subjetivos.
A música, seja ela lenta, agitada, instrumental, nacional, internacional, enfim, carrega emoções e, dependendo da minha escolha, torna-me mais confiante. Ou menos. Além disso, ela tem o poder de desengavetar da nossa mente as pessoas que a admiram. Quem nunca ouviu uma canção para poder lembrar-se de alguém? Às nossas inquietações, a música age como antídoto, atenuando-as, se optarmos, ela também consegue ser tóxica, exacerbando-as. Uma coisa é certa: ela sempre está nos transportando para além da nossa realidade, e isso é magnífico. Uma mensagem captada numa canção é traduzida, muitas vezes, como conselho. Uma amiga e tanto, com o simples ligar de um aparelho de som.
Os inimigos também podem ser amigos quando o suposto futuro prejudicado é que se dá bem no fim. Que fim? Se não morremos, não houve fim. Um longo caminho me aguarda e nessa maratona há ainda muita gente para conhecer, animais para encontrar, livros para viajar, músicas para dançar, arco-íris a admirar. Assim, acumulo amigos de diversos tipos, com diferentes espaços e objetivos, mas todos, a partir do momento que eu aceito, formando opiniões e disseminando sabedoria, seja ela popular, científica, filosófica etc., e se me fazem bem, eu não vou reservar apenas um dia a eles só porque a mídia quer.

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